Meu curativo
Gosto de escrever. Tornar sentimentos confusos e sufocantes em palavras. Tirar palavras presas na minha cabeça, na minha garganta, no meu peito, presas em todas as partes do meu grande corpo de 1,55 m. Colocar essas palavras no papel é tão libertador para mim quanto arrancar uma farpa presa no pé ou tirar um salto alto quando chego de uma festa. E sabe porque? Porque essas palavras machucam. Se sentir insuficiente machuca. Sentir que seu sonho é grande demais para você machuca. Sentir que se esforçar para concretiza-lo é gastar tempo em vão machuca. Sentir que todas as pessoas que cresceram com você continuam crescendo, mas sem você, machuca. Sentir que está parada no mesmo lugar há anos e sem perspectiva de melhora machuca. Não se sentir digna da confiança que os outros depositam em você machuca. Machuca. Machuca mais do que farpas e saltos apertados. Machuca por dentro. Arranha o seu interior, suga sua energia, sua auto estima, sua vontade de vencer na vida, sua vontade de lutar. Machuca, e muito. E para esses machucados, diferentes dos outros, não tem band aid ou mertiolate. Para essas feridas a melhor coisa a se fazer é escrever. E cá estou eu, escrevendo.