FLOR AMARELA
Acadêmico José Carlos de Bom Sucesso – Cadeira IX – Academia Lavrense de Letras.
Os pássaros cantavam alegres, pois o frio estava acabando. Era festa na natureza. O sabiá cantava feliz e dizia que “hoje tem chuva, sinhá”. As maritacas gritavam fazendo uma algazarra tão grande, que mal ouvia o canto dos canários, que estavam próximos de uma árvore. As andorinhas faziam suas revoadas traçando um círculo imaginário. Era festa.
Do outro lado da floresta, uma simples árvore tentava conversar com suas amigas, mas sua conversa era tão fraca e sem nexos que suas amigas não davam tanta importância.
Triste, muito solitária, de tanta tristeza, suas folhas caíram todas. Nem mesmo os pássaros pousavam em seus galhos. Não se ouvia o canto do canário em seus galhos, jamais os pousos das maritacas. Era só tristeza dentro de si. Até o homem do campo, que preparava a terra para o plantio, não se refrescava em suas sombras. Talvez era o fim.
Muito solitária, a árvore pediu uma conversa com Deus, pois não aguentava mais ficar ali, sem florir, sem dar algo de bom para a natureza. Queria ela ser vista, ser valorizada, mas não queria dar inveja a nenhuma de suas colegas.
Deus, Todo Poderoso, sentiu a tristeza daquela árvore e disse:
- Minha amiga. Nunca chores por algo que não esteja a teu alcance. Hoje, vou dar-te um lindo presente. De teus galhos sairão várias flores amarelas, roxas, brancas. As amarelas irão alegrar a paisagem seca, sem vida. Os pássaros irão visitar-te e farão festas em teus galhos, pois as tuas flores serão fonte de vida e riqueza para eles. Verás que as pessoas irão contemplar-te eternamente. Muitos farão fotos de tuas flores, outros, filmes; outros te pintarão; alguns esperarão o final do inverno para ver-te tão bela. Lembrarás que tuas flores serão os sinais da riqueza e da fartura das plantações.
Muito feliz, a árvore de ipê soltou tantas flores, que são vistas por todos. Várias são fotos dela e é lembrada em todos os anos.