AMIGOS
Possuía muitos amigos. Todo fim de semana sua casa estava lotada. Pessoas de todos os lugares vinham compartilhar dessa alegria. Faziam churrasco, comiam a celebravam a vida. Sempre se ouvia dizer: nunca vi tanta gente nessa casa. Como são fartos. Quanta alegria.
Realmente a mesa era farta. Variedade de doces, biscoitos e carnes.
O tempo passou. Chegaram as dificuldades. A doença foi acometendo a família.
Primeiro a esposa. Teve graves problemas que foi impossibilitando o trabalho diário. Os amigos começaram a rarear. Já não se via a casa tão cheia. A mesa já não estava tão farta de quitanda caseira. Em muitas ocasiões havia até dificuldade de encontrar alguém que pudesse ajudar nos afazeres domésticos ou mesmo no cuidado com a acamada, sim ficou acamada por muitos anos. Um dia veio a falecer.
A família compareceu. Vieram uns poucos amigos. Trouxeram os pêsames mas não puderam ficar por muito tempo. Estavam muito ocupados.
Ficou sozinho. Começou a perceber que a vida era solidão. Mas, não se deixou abater. Saia sempre que possível. Ainda insistia nos amigos. Priorizava uma boa farra e um momento em comunidade.
Foi também acometido por uma doença grave. Passou um longo período precisando de ajuda e apoio. Onde estavam os amigos? Desapareceram por completo. Por onde andavam aqueles que tanta farra faziam e por tanto tempo se diziam amigos? Ninguém mais deu notícia.
Um dia, também veio a falecer.
A família compareceu. Trouxe os pêsames e deu condolências aos familiares. Pingou uns poucos amigos. Nesse dia a procura pelos amigos foi veemente. Por que não chegavam? As horas foram passando e nada. A hora do enterro se aproximava e nada. O enterro chegou e nada. Passou e nada.
Até agora se pensam por que não vieram. Qual o motivo de terem se distanciado. E a resposta que não quer calar: amigos para as horas boas se encontra em qualquer lugar, mas nos momentos difíceis são peça rara.