AULA DE BALÉ.

O ensaio começa, com movimentos suaves, na pontas dos pés, ora girando, ora subindo e descendo; ora esticando os braços a frente, ora erguendo-os bem alto. Giros perfeitos, movimentos rápidos, mas com espetacular delicadeza, de uma leveza invejável, tudo ritmado. As crianças sorridentes acompanham a instrução da professora de balé, pés delicados equilibrando-se na pontinha dos dedos, enquanto a professora os instrui dizendo em voz forte: " E um, e dois, e três, e quatro, posição um… Girando, atenção meninas, vamos novamente, e um, e dois, e três..." As crianças atentas seguem o ritmo, elas estão concentradas, os olhinhos grudados no espelho a frente, no reflexo da classe, todos devidamente apostos em seus respectivos lugares, enquanto a contagem prossegue: " E cinco, e seis, e sete, clie desceu, subiu, bailarina, posição um, desceu, e um, e dois, e três..." As crianças estão ainda mais atentas, rostinhos suados, sorridentes, a professora repassa todo o movimento, explicando cada ponto da apresentação, cada criança é posicionada de modo ordenado, cada movimento da coreografia é feito e refeito, várias vezes, exaustivamente, essa é a rotina costumeira, uma hora de aula, todas as terças e quintas. Hoje no entanto, em pleno sábado, houve aula extra, preparação final para a apresentação da próxima semana.

Há dois meses atrás, a minha filha de seis anos, apenas olhava as crianças ensaiando, de longe ela apontava dizendo, " Ó pai, o balé é ali, viu, eu quero participar." Assim era todas as vezes quando passavamos em frente a escola de balé, Bella Arte, a professora Taís, é a responsável pela turma de crianças em que minha filha faz parte, sete crianças no total.

Como eu estava dizendo anteriormente, há mais ou menos dois atrás, ela era apenas uma espectadora que de longe apontava, hoje, depois de dois meses, a vejo ensaiar maravilhosamente, eu acompanho hipnótico os elegantes movimentos ensinados pela professora, com admiração eu observo minha pequena bailarina, tão aplicada, tão atenta, com um medo terrível de errar os passos.

Lembrei-me de algo curioso que aconteceu semanas atrás, quando na ocasião, ela estava completando um mês de balé. A sua professora chamou-me para conversar a parte no término daquela aula, fiquei apreensivo, pensando que a minha filha não estava conseguindo acompanhar as demais crianças, mas qual não foi a minha surpresa, a professora rasgou elogios, dizendo o quanto ela estava indo bem, e como ela era aplicada, e que queria vê-la na apresentação que seria no próximo mês; pai sorridente e orgulhoso, claro que eu aceitei.

Hoje, em pleno sábado, acompanho orgulhoso o ensaio, que já está às vésperas da apresentação. Estou muito feliz por ver a dedicação da professora e das alunas, enquanto elas ensaiam, lindamente ensaiam cada movimento, eu, este singelo escritor, rascunho essa crônica, ao som e ao ritmo encantador do balé, na dança das palavras, entre um sorriso e outro, feliz em ver a dedicação da minha pequena bailarina.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 02/09/2017
Código do texto: T6102542
Classificação de conteúdo: seguro