Há momentos que é melhor calar
Naquela linda manhã senti saudade imensa de um casal amigo. Resolvi visita-los...
Linda casa! Ensolarada, aconchegante, organizada, e limpa.
Estava explícito: A senhora da casa era uma mulher virtuosa... O lugar transmitia imensa paz.
Adornado por um lindo e impecável jardim, visitado por borboletas, beija-flores e outros voadores, que nos presenteava com bailados divinos e iguais cânticos.
No aconchegante terraço, esvoaçava lenta e graciosamente as rendas laterais da bela rede, convite ao descanso.
Fui recebida com o mesmo amor e carinho, que me conduziu àquele encontro.
No quintal da casa, encima de uma mesa de ferro, adaptação de uma antiga grade protetora de ar condicionado, um fogareiro de barro cozinhava o almoço. A fumaça da lenha me remeteu aos cozinhados, que eu fazia, quando criança, acompanhada das minhas amiguinhas, na cidade de Palmares/PE, à beira do Rio Una, que margeava o quintal da nossa casa, cercado por estacas de madeiras, onde tinha um portão, que ao abri-lo... tínhamos acesso ao rio.
Comumente, usa-se carvão, para cozinhar em fogareiro de barro, e lenha, para fogão à lenha. No chão, pedaços de madeira cortados, com serra elétrica... Pouco menores que a circunferência do fogareiro de barro aguardavam a hora do sacrifício. À medida que o fogo os consumia, mais pedaços eram colocados... O vento, constante, embaixo do pé de manga fazia do fogareiro um consumidor voraz.
O galeto que estava assando, derretia a sua gordura sobre o fogo, espalhando agradável cheiro no ar. Não me demorei, para o almoço, só o bastante, para matar a saudade. A agradável conversa regada com boas gargalhadas, sem preocupação com etiqueta, pois, não as tolero, nem mesmo em roupas, divertiu-me.
Passado bom tempo, daquela boa visita eu soube, que aquele foi um pic-nic forçado... O casal amigo, já aposentados, estava em situação financeira difícil; naquele dia, não tinham como comprar o gás, tampouco o carvão... Assim, cortaram da madeira que tinham no quintal, para a preparação das refeições... Sem perder à “classe”, transformaram o infortúnio, em uma situação agradabilíssima... Assim, foi para mim!
Faltou-lhes dinheiro, abundou-lhes sorrisos, bom-humor, integridade e sabedoria. "Há momentos na vida que se falarmos, a nossa dor não cessa; e, calando-nos, qual será o nosso alívio"? (Jó 16:6) Bíblia Sagrada.
Recife, 29/08/2017.
Às 11h27mn.
O trabalho: Há momentos que é melhor calar, está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Naquela linda manhã senti saudade imensa de um casal amigo. Resolvi visita-los...
Linda casa! Ensolarada, aconchegante, organizada, e limpa.
Estava explícito: A senhora da casa era uma mulher virtuosa... O lugar transmitia imensa paz.
Adornado por um lindo e impecável jardim, visitado por borboletas, beija-flores e outros voadores, que nos presenteava com bailados divinos e iguais cânticos.
No aconchegante terraço, esvoaçava lenta e graciosamente as rendas laterais da bela rede, convite ao descanso.
Fui recebida com o mesmo amor e carinho, que me conduziu àquele encontro.
No quintal da casa, encima de uma mesa de ferro, adaptação de uma antiga grade protetora de ar condicionado, um fogareiro de barro cozinhava o almoço. A fumaça da lenha me remeteu aos cozinhados, que eu fazia, quando criança, acompanhada das minhas amiguinhas, na cidade de Palmares/PE, à beira do Rio Una, que margeava o quintal da nossa casa, cercado por estacas de madeiras, onde tinha um portão, que ao abri-lo... tínhamos acesso ao rio.
Comumente, usa-se carvão, para cozinhar em fogareiro de barro, e lenha, para fogão à lenha. No chão, pedaços de madeira cortados, com serra elétrica... Pouco menores que a circunferência do fogareiro de barro aguardavam a hora do sacrifício. À medida que o fogo os consumia, mais pedaços eram colocados... O vento, constante, embaixo do pé de manga fazia do fogareiro um consumidor voraz.
O galeto que estava assando, derretia a sua gordura sobre o fogo, espalhando agradável cheiro no ar. Não me demorei, para o almoço, só o bastante, para matar a saudade. A agradável conversa regada com boas gargalhadas, sem preocupação com etiqueta, pois, não as tolero, nem mesmo em roupas, divertiu-me.
Passado bom tempo, daquela boa visita eu soube, que aquele foi um pic-nic forçado... O casal amigo, já aposentados, estava em situação financeira difícil; naquele dia, não tinham como comprar o gás, tampouco o carvão... Assim, cortaram da madeira que tinham no quintal, para a preparação das refeições... Sem perder à “classe”, transformaram o infortúnio, em uma situação agradabilíssima... Assim, foi para mim!
Faltou-lhes dinheiro, abundou-lhes sorrisos, bom-humor, integridade e sabedoria. "Há momentos na vida que se falarmos, a nossa dor não cessa; e, calando-nos, qual será o nosso alívio"? (Jó 16:6) Bíblia Sagrada.
Recife, 29/08/2017.
Às 11h27mn.
O trabalho: Há momentos que é melhor calar, está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.