UMA TARDE LETIVA DE CÃO COM UMA PITADA DE HUMOR
O fato que narro agora, ao mesmo tempo em que parecerá um caso sério, ao mesmo tempo parecerá um caso cômico! Tudo dependerá do ponto de vista de quem o lerá! Eu, particularmente senti-me surpreso em primeiro momento! Preocupado num dado segundo momento, diante da gravidade que se apresentava às nossas vistas! Cômico no decurso dos fatos e no seu desenrolar, ora tenso, ora cômico, ora sereno, ora com ansiedade.
Estávamos em nosso intervalo de vinte minutos. Como sempre acontece, o lanche acaba não dando para todos os professores e, diante dessa situação, fui até à cantina comprar um suco e um pão de queijo,
retorno para a sala dos professores e quando começo a saborear o meu lanche, alguém grita!
- Uma aluna teve convulsão e desmaiou no pátio!
Em poucos segundos entram alguns professores carregando a aluna, e para meu espanto ela era da minha sala de sexto ano A, onde eu havia ministrado a minha aula há poucos minutos. Eu até conversei um pouquinho com ela durante a aula quando percebi que ela estava quieta e calada parecendo não estar, ali presente.
Assim que a aluna foi colocada deitada sobre um sofá surrado na sala dos professores iniciaram-se os festivais de tentativas de reanimá-la.
- Passa álcool gel nos pés! Gritava um.
- Abram a porta e saiam de perto para entrar mais oxigênio! Gritava outro.
Muitos de nós permanecemos ao redor da mesa observando os acontecimentos até a chegada da mãe e da ambulância do SAMU.
Nosso colega Joaquim, professor de matemática, com o seu físico esbelto, trajando um guarda pó branco, tentava todas as formas de trazer a aluna a si novamente. Desesperado abanava com um livro, tentava fazer vento abrindo e fechando a porta, passava álcool gel nos pés da aluna e nada! A garota permanecia imóvel! Apenas ofegava forte.
Foram muitas as tentativas! A figura do professor Joaquim parecendo uma abelha na busca do néctar das flores para a fabricação do mel, caminhando de um lado pro outro tentando de todas as formas reabilitar a nossa aluna, de repente fica imóvel, curva o corpo aproximando se do rosto da garota e com e com gestos malabares sacudindo os braços grita: Sai deste corpo que ele não te pertence!
Fez se um silêncio sepulcral no tal recinto ora barulhento e efervescente. Todos ali se espantaram com a atitude do nosso colega Joaquim! O padre Amauri, professor eventual de história na nossa escola, saiu de soslaio da sala dos professores e logo em seguida a nossa colega Alexandra, também professora de história o acompanhou. Eu segurei o meu riso quase me sufocando até sair da sala e entregar- me a uma crise de gargalhadas.
- Padre, o senhor não pode fazer uma reza? Perguntei ao padre Amauri.
- Não meu filho, eu não posso envolver-me nestas questões sem a autorização dos superiores.
- E ai eu não me aguentei diante da situação e sai da sala. Disse Alexandra, nossa colega de história.
Finalmente a mãe da garota chegou e o SAMU também, a garota foi reanimada pelos enfermeiros e com a saída da aluna para o pronto socorro o final de tarde tornou se muito jocoso, até mais leve diante de uma situação séria que parecia grave e o gesto do nosso colega Joaquim, para descarregar o que normalmente é um ambiente carregado na sala dos professores, para encerrar o dia com uma pitada de humor.
É o que há