Assim ou ...nem tanto. 107
Assim ou …nem tanto. 107
As Osgas
Não sei de vida feia qualquer que seja o suporte. Todas as coisas e animais traduzem a perfeição e o perfeito é sinónimo de belo. Com as pessoas acontece o mesmo. Não consigo evocar gente feia salvo a que pela atitude e carácter se apresente sem a luz original. Muitos procuram mudar-se e muitos se mudam descontentes que ficaram com o seu património físico e psíquico, com a genética. A todos, no entanto, cabe a capacidade de funcionar, adequadamente, nos respectivos ambientes. Esta é a regra. As exceções traduzem o erro, circunstância anómala, má decisão, escolha opaca. Conheço quem tenha desistido de rugas, de lábios finos, de seios pequenos e seja agora outra pessoa quiçá mais alegre, mais confiante, mais apta a ser feliz. Temos connosco um painel de instrumentos, a ferramenta necessária à mudança e temos, intrínsecas, leis naturais que promovem, em cada tempo, a possibilidade de mudar. De fraco a forte, de gordo a magro, de doente a saudável. Tudo para ser usado durante a existência que nos caiba, do modo que nos ditar a convicção, a viabilidade ou a fé. Rico, diz o sábio, é o que sente alegria com o que tem. Rico, digo eu, é o que usa todo o seu talento para ser feliz ou procurar alterar as condições do seu normal progresso. Há, por certo, coisas, pessoas e animais feios. A existência de palavras para os designar no-lo confirma. Acontece que também acho lindas as osgas, maravilhas ancestrais que nos livram de mosquitos.
Edgardo Xavier
Sintra, 28 de Agosto de 2017.