Perto dos 4.0
(Minha passagem na Escola Estadual Professora Ismar Gomes de Azevedo)
Foi no início década de 90 em 1991 que entrei na Escola Estadual Professora Ismar Gomes de Azevedo. Um prédio histórico, deveria ser tombado. Na época vivenciei a sua precariedade no Governo de Leonel Brizola (1991-1994), então governador do Estado do Rio de Janeiro. A instituição se encontrava um caos em precariedade. Foram três anos em que senti na pele o quê é uma instituição pública de ensino. Teto caindo, fiação elétrica exposta, falta de cadeiras (se chegasse atrasado, ficava em pé assistindo aula).
Ratazanas aos montes nas salas de aula e esgoto a correr no pátio de terra batida. Fui vice-representante por duas vezes em 1991 e 1993. Foi nesse caos, que juntos com outros estudantes fomos na Secretaria Municipal de Cabo Frio, pedir ajudar sobre as ratazanas e o esgoto. Na época o prefeito era Ivo Saldanha (1989-1992) e depois José Bonifácio Novelino (1993-1996). Infelizmente não tínhamos passe livre neste período e fomos a pé do Centro de Cabo Frio até a sede da Secretaria de Saúde no bairro de São Cristóvão sem obter ajuda e sem ser ao menos recebidos foi em 1993 esta caminhada que não foi inglória. Um pai sensibilizado que trabalhava numa empresa de limpeza de fossas na cidade fez o serviço gratuito, uma vez que o Estado e o Município nos deixara a míngua. Foi também em 1993 no então governo Brizola, que quase fiquei aleijado de uma perna, quando o meu joelho foi direto num tijolo de uma obra que não aconteceu neste período. Incompetência de quem dirigia, de quem governava...Mas com a graças de Deus, dois amigos da época, Eduardo Rodrigues e Daniel Lopes Cavalcante me socorreram ao PAM com auxílio da secretária da escola na época. Levei muitos pontos no joelho, minha fisioterapia foi em casa numa bicicleta velha, afinal minha família não tinha recursos neste período.
Lembro até hoje do professor de Artes que fez uma escultura com as cadeiras quebradas e pediu para fazermos um desenho (triste realidade) e da professora D. Laís de Formação Especial que nos ensinava etiqueta, sobre música clássica e economia naquele caos. Nem tudo estava perdido, pois foi nesta instituição com influência indireta da professora Zenilda de Língua Portuguesa, que conheci os versos de Vinicius de Morais e comecei minha trajetória como poeta em 1993. Foi uma passagem importante na minha vida! Passei ser politizado e me tornei poeta!!!
Rodrigo Octavio Pereira de Andrade (Rodrigo Poeta)
Escritor, palestrante, pesquisador e acadêmico cabo-friense.