SILENCIA,

Segura o verbo na tua boca fechada. O verbo é como o passarinho de estimação, que, ao encontrar a porta da gaiola aberta, pode fugir e não mais voltar. Quase sempre, sem experiência, o verbo voa a esmo, exatamente como o pássaro fugitivo.

Se o passarinho de estimação escapa, embora ele ganhe a liberdade natural que merece, perde-se o encanta da sua plumagem macia e colorida, de seu trinado com que homenageia as manhãs e os crepúsculos, quando ele se recolhe ao poleiro para dormir e sonhar.

O verbo é inexperiente, não conhece bem a liberdade. Por isso, muitas vezes, é preferível que ele fique prisioneiro nos teus lábios, tal como pássaro cativo que não foge, não voa no domínio de largas dimensões da liberdade, mas também não morre cedo, perdido nas matas que desconhece, onde nunca penetrou.

Jaubert
Enviado por Jaubert em 16/08/2007
Código do texto: T609408