Por que adoro puzzles

Por que é tão bom resolver puzzles, montar quebra-cabeças, preencher sudoku e palavras-cruzadas? Qual é o grande barato desses passatempos que eu adoro?

Não estou sozinha nessa piração. Conheço pessoas que são praticamente Atletas de Alto Rendimento das palavras-cruzadas e do sudoku. Depois de se aposentarem do trabalho, passaram a um regime de dedicação exclusiva a esses puzzles. Começaram no nível Fácil, passaram para o Médio, depois para o Difícil, onde já atuam de maneira muito confortável. São capazes de arriscar, regularmente, o nível Dificílimo - também chamado de Muito Difícil, ou Ninja - e, depois de certa persistência, resolver esse também! Nunca subestime um nerd.

Sobre os quebra-cabeças, eles são o meu hobby favorito. Adoro ficar abduzida pela tarefa de encaixar pecinhas, encontrar correspondências, procurar padrões. Sério, curto demais a vibe quase meditativa de ficar ali, com toda a minha atenção dedicada exclusivamente àquele probleminha absolutamente insignificante para a vida, o universo e tudo mais. É tão bom! O poder de hiperfoco, que os nerds têm, permite esses momentos de total distanciamento da realidade. É como se o resto do mundo não existisse. Na minha mente, naquele instante, só existe o puzzle e nada mais. Pura curtição!

E por que isso? Uma pista para isso talvez seja o que vi num filme: a personagem dizia que gostava de ser designer de palavras-cruzadas porque nesse trabalho os problemas sempre tinham solução. Mas a vida real não é assim: os problemas que se apresentam a nós, no plano pessoal ou no profissional - aquela bagunça!-, são em geral umas complicações bizarras que dependem de uma série de fatores e pessoas e de regras incoerentes entre si.

Mas aproveito a ideia da personagem: creio que é assim tão bom resolver puzzles, montar quebra-cabeças, preencher sudoku e palavra-cruzada porque esses passatempos, diferentemente da vida real, nos propõem problemas que garantidamente têm solução, porque existem em um universo de regras confiáveis, coerentes entre si. E por isso somos capazes de resolvê-los, bastando lhes aplicar a dedicação, a persistência, a determinação.

Concluo que a coerência interna do enquadramento desses puzzles, a fundamentação em regras em que se pode confiar - coisa que só existe no mundo irreal (ou a-real) dos puzzles - é o que permite encarar esse tipo específico de problema com um pressuposto de que ele pode e vai ser solucionado. Ou talvez o grande barato seja apenas a gratificação, o carinho na auto-estima, que esses puzzles trazem me evidenciando a minha capacidade de resolver algo de fato - ainda que irrelevante -, coisa que a dita “vida real” nem sempre me oferece. :-}