Uma forma de riqueza
Tive a felicidade de ler, quando ainda jovem demais para alcançar em plenitude tudo o que tem a oferecer, o romance O nome da rosa, “uma história de detetive situada na Idade Média com reflexões sobre o poder e a fé e um rico debate de ideias”. Claro que reli com melhor proveito mais recentemente essa fabulosa obra do ensaísta italiano Umberto Eco, que nasceu em 1932 e faleceu no ano passado. É do tipo de livro que a gente não consegue esquecer. Que tem a capacidade de nos transportar para épocas e lugares distantes que, volta e meia, voltam à memória trazendo uma gostosa nostalgia.
Conversava dia desses com um amigo ele me confessou, meio que se lamentando, a sua dificuldade de ler. É realmente de se lamentar, não só por ele que, felizmente é um empresário bem sucedido e viaja muito, relaciona-se com pessoas esclarecidas e se mantém bem informado, pelos mais diversos meios de comunicação, menos a leitura é claro, o que faz dele uma pessoa bem articulada e dotada de senso crítico, mas muitas pessoas não seguem por essas mesmas vias e tornam-se criaturas tristemente obtusas. Fazíamos, esse amigo e eu, um paralelo entre duas formas de riqueza: a monetária e a do conhecimento. Dizia-me ele que o conhecimento é um bem que não se perde, que se carrega sem ônus, sobre o qual não se paga impostos e, como “as águas sempre correm para o mar”, o dinheiro corre para o lado de quem já o tem assim como o conhecimento. Este quem o tem com escassez, mal consegue acompanhar uma boa ideia indiferentemente de como ela está sendo veiculada.
Faz muito sentido para mim as reflexões do meu amigo e continuo refletindo que, como a ganância cega algumas pessoas, a sede de conhecimento também persegue a outras por toda a vida, sem tréguas. Um vocábulo de que não alcanço o pleno significado, me atenaza o cérebro até que eu o insira definitivamente no meu próprio vocabulário, muitas vezes à custa de uma consulta ao “pai dos burros”.
Como sei que aquele meu amigo é homem de disciplina e muito organizado, sugeri um livro de linguagem simples e poucas páginas. Que ele determinasse em quanto tempo gostaria de concluir sua leitura. Ele disse que se o lesse em trinta dias já seria uma proeza. Então disse a ele que pegasse o número de páginas (120) e dividisse pela quantidade de dias (30) de que dispunha para a leitura, ele chegou ao número 4. Achou que seria fácil. Faltam alguns dias e ele já ligou pedindo outra sugestão de livro. Disse que a leitura já está virando um hábito