Texto para um dia de prece.
Do outro lado da cidade ela sente vontade de chorar. Daqui, deste lado, peço do meu jeito para que tudo isso passe. Não sou muito bom em fazer preces. Mas, qualquer uma que fosse atendida, a colocaria bem perto, exatamente no meu colo, para acariciar tua cabeça e dizer as minhas bobagens nonsenses. Não gosto de sabê-la triste.
Consigo sentir sua tristeza em trânsito. Escolhera o lugar ao lado da janela e observa a cidade passar. Os faróis dos carros, as luzes da cidade, pessoas no veículo que está, algumas pela cidade que quase dorme e nada disso distrai sua dor. Parte da estrada é escura e até prefere. Como também escolheria pessoas mudas para o dia de hoje. Nem sempre palavras amenizam.
Fecha os olhos e finge dormir. Teu corpo sente o caminho. Conhece cada declive, aclive e mudança de direção. Chora por dentro e nem precisa de motivos lógicos. Está sensível e por qualquer razão que seja são os motivos dela. São mensais, mentais, constante, tão fortes no abdômen e quase chegam às pontas dos pés. O automóvel contorna o retorno, mais 5 curvas, olhos abertos, porta de casa.
Direto ao quarto. Copo com água. Remédio. Lágrimas. Sua cadela parece entender sua dor e isso toca. As paredes parecem falar e ela chora. A cama abraça triste e ela sente tanto. As mensagens parecem cortar e não quer responder. Não quer falar. Não quer entender. E eu sempre aqui, disposto, na TPM, após ela, fora dela: todos os dias são propícios para a gente chorar, sorrir, tomar um café, se ver, ou comer um hambúrguer com Cheddar se assim preferir. Viver para ela é sentir.