DOAR; VERBO DE CONJUGAÇÃO INFINITA.

Segundo o velho e bom dicionário: DOAR; verbo transitivo, significando dar, conceder, ofertar.

Bonita ação quando a colocamos em prática. Temos sempre algo para doar a alguém. Aqueles móveis antigos que já não combinam com a nova decoração do imóvel. O agasalho que por algum motivo já não usamos mais. O calçado antigo que já saiu de moda, mas que aquece o frio dos pés congelados dos mais necessitados. As roupas que já não nos cabem mais. Os alimentos que saciam a fome das bocas vazias de comida, dentes e palavras. Enfim, há sempre alguém precisando receber aquilo que para nós, já não representa mais nada. Recebem com alegria, emoção e gratidão. E essa alegria nos contagia a alma. É isso que ganhamos de volta; a alegria na alma.

Sim, DOAR; verbo de conjugação infinita, segundo minha classificação. Contudo, quando o flexionamos, o elevamos ainda mais. Quando adicionamos ao verbo “DOAR”, a partícula “SE”, o transformamos em “DOAR-SE”. E, doar-se, conforme meu entendimento, é algo de inenarrável preciosidade.

Doar-se significa dar um pouquinho de si mesmo. Um pouquinho do seu tempo, da sua compreensão, sua paciência, sua boa vontade, disposição e empatia, àqueles carentes de paz e sossego na alma.

Já pensaram quantas vidas poderiam ser salvas se ofertássemos um pouquinho do nosso tempo para ouvir e orientar pessoas com depressão prestes a cometer suicídio? Muitas vezes, tudo de que precisam, naquele momento, é de alguém que as ouçam, sem julgar, sem culpar ou condenar.

Há dias em que acordamos com uma desagradável sensação de que o Universo conspira contra nós. Nada dá certo. Nos sentimos cansados, desanimados, sem forças para prosseguir. Quando de repente, recebemos o telefonema de alguém distante, que há muito, não víamos e bastam alguns minutos de conversa para que todo o nosso astral mude de forma positiva.

Doar carinho, amor, atenção; doar o seu tempo, e tudo de belo que existe dentro de você...não custa nada...e o retorno por fazer alguém mais feliz...não tem e nunca terá preço.

São tantas as doações. E, seguimos doando, em vida e em morte. Em morte? Sim, em morte. Quando num gesto de extrema generosidade e compaixão, apesar da imensa dor, doamos os órgãos de nossos entes queridos falecidos para que outros possam continuar vivendo. Pode haver maior gesto de amor?

Elenice Bastos.