O PRECONCEITO E AS QUESTÕES SOCIAIS E JUDICIAIS

Fala-se em direitos e deveres dos cidadãos, do direito de ir e vir, da liberdade em expressar o credo religioso, partido político, liberdade sexual. Precisamos nos cuidar, pois estamos chegando ao ponto em que Sodoma e Gomorra foram destruídas. O certo é errado, o errado é certo, o erro cala o certo e o certo não tem como se defender. Mas, o que é certo e o que errado? Eis a confusão instaurada no mundo e, como tudo no Brasil vem a reboque, chega com, no mínimo, dez anos de atraso, travestido de discurso moderno, atual, mas com ranço de desforra.

Sou a favor que tanto eu quanto você e, quem quer que seja, exerça sua profissão, desfrute da comunhão com os irmãos de fé, que tenham o direito de ler seu credo, seja a Bíblia, o Alcorão, a Torá, e o que mais existir em termos de livros considerado espiritual e divino. Sou a favor que você faça o que quiser do seu corpo, mas assuma igualmente os louros e os ônus de sua escolha, que respeite a vida, a liberdade, a legalidade, mas que esteja embasado no respeito ao próximo e ao não tão próximo. Sou a favor da livre iniciativa, do exercício público da política, mas exijo respeito, honestidade, e responsabilidade. Sou a favor da liberdade de escolher qual a sua opção sexual, que seja respeitado, não ridicularizado, pois assim como eu, você e todos os outros nascem, crescem, amadurecem e morrem pagando impostos.

Por isso mesmo, exijo o direito de ler a Bíblia, de crer que o que ela contém a Palavra de Deus, que contém o ideal máximo de vida espiritual, de dizer abertamente que sou cristã, sou crente. O direito de não aceitar a relação aberta, irresponsável e promíscua. Não admito o aborto indiscriminadamente, mas recomendo o planejamento familiar, o uso de contraceptivos, dos métodos de barreira tão difundidos, incluindo a pílula do dia seguinte.

Jamais jogarei “pedras” na prostituta ou prostituto, mas não vou incentivar os jovens a viver essa vida, pois a prostituição é uma atividade de alto risco. Os problemas sociais que levam aos jovens buscarem o sustento pela prostituição devem ser combatidos. Não terei problemas em estar ao lado de uma prostituta ou prostituto no ônibus, no banco, nos centros de compras, na faculdade, ou qualquer outro lugar, mas, jamais, sairei a tira colo com um deles. Os tratarei com o respeito que todo o cidadão merece, mas não serei amiga de um deles, pelo simples fato preconceituoso de que, se alguém me vir acompanhada de alguns deles, me considerarão como um deles. Assim como não andarei com um marginal, e ser confundida como um deles seja qual for o grau de periculosidade, para não correr o risco de aparecer em uma vala qualquer da vida, crivada de balas por justiceiros ou por comparsas, ou ainda pela polícia.

Não sou contra a opção sexual ou, seja lá qual for o nome em vigor. Não tenho problemas em conversar, aprender, mas jamais me sentiria a vontade em ter um travestir usando o mesmo banheiro que eventualmente usar. O cidadão ou cidadã que optar ser homossexual deve estar bem com suas próprias escolhas, e não precisa ostentar isso. Para não incorrer no risco de ser processada por discriminação, doravante evitarei peremptoriamente usar banheiros públicos, além dos já evidentes e notórios riscos que o uso inadvertido pode causar a quem entrar e ser contaminada pela precariedade da higienização e limpeza dos banheiros públicos por bactérias, fungos, doenças sexualmente transmissíveis comuns a todos os seres humanos vivos, claro!

Afinal, em que lado eu estou? Do certo ou do errado? Alguém pode me responder? Sou cidadã de bem, cumpridora da lei, pago impostos desde a idade em que era um projeto em andamento, trabalho, estudo, exerço a livre pressão do voto, trabalho no sentido de não poluir o meio ambiente nas maneiras mais simples, no cotidiano da minha casa. Por onde ando não jogo lixo na rua, no rio, não roubo ninguém, evito falar mal de quem quer que seja, procuro ser autêntica, procuro contribuir para acudir o necessitado, etc. Então me digam o que posso fazer mais? Abjurar minha fé, quando o livro de regra e prática cristã que eu sigo, a Bíblia, diz o que é pecado e o que não é pecado, pontuando todas as análises exegéticas necessárias e com o direito a livre interpretação? Quais são meus direitos? Tenho algum? Exijo respostas, não de você, cidadão comum, assim como eu, mas da justiça, do poder público, que não está acima da lei, mas a serviço da lei. Exijo respostas claras e objetivas quanto ao meu direito de cidadã livre. Rousseau está certo, o homem nasce livre, mas em todos os lugares há grilhões que prendem, e legitimam sua escravidão. Sou uma cidadã sem pátria, cidadã do mundo, mas sem identidade?