Você me conhece?
Por Luiz A G Rodas
Temendo ser repetitivo, prolixo ou enfadonho ao revelar, tantas vezes, os segredos da minh'alma, resisti o quanto pude aos apelos do implorante papel e da sua fiel companheira, a ansiosa caneta. Assim, a união desses dois é a prova da minha conivência com este encontro nada casual.
Preliminarmente, deixo bem claro a importância que dou a todo começo; a qualquer recomeço para preservar o durante.
Por ter ouvido que a perfeição humana é inatingível, busquei divertir-me, deliciosamente, com o treinamento e uso das ferramentas do amor. Espírito leve, posso garantir não depender das forças externas para ser feliz; para viver!
Os fortes ventos adolescentes me sacudiram mas não apagaram as minhas pegadas.
Alguém me disse que a preciosidade não se consegue facilmente. Assim, procurei o autoconhecimento; a reflexão; a meditação.
Logo na primeira aula, aprendi que os objetivos, aspirações e sonhos de quem amo, exigem, no mínimo, minha presença como coadjuvante.
A introdução da lição seguinte evidenciou que o reconhecimento e a recompensa não nos chegam pelo que recebemos mas pelo que ofertamos.
Em formato de aula prática, me veio o terceiro ensinamento. Diante do espelho do tempo, a imagem vista e refletida, não era a minha mas a do meu semelhante. Vi o meu eu nítido, reproduzido em traços característicos divinos na alma do meu irmão.
A prova final trouxe inúmeros questionamentos sobre a minha forma de viver, sobre meus projetos e planos. Perdi pontos ao substituir os sensatos objetivos pela impulsividade dos desejos. Fui aprovado com ressalvas.
Meus avaliadores celestes me sugeriram a amizade do vento para que este soprasse sempre em meu favor. Recomendaram-me, também, a total é irrestrita liberdade.
Creio que concluí, com méritos, um curso vital que me custou seis décadas, pessoas, bens e relacionamentos.
Somente agora estou alicerçando as torres construídas pelos meus sonhos.
Privilegiado orador, não discursei no palco ou no pódio. Escolhi um degrau. Este me permitiu o impulso para o seguinte estágio evolutivo. Aquele representava a estática, a acomodação.
Leio agora a minha placa comemorativa: No solo fértil do coração, plantada foi uma saudável semente que, no tempo certo, germinará.
Se precoce árvore, com as suas pequenas raízes, certamente não teria suportado, de pé, os inúmeros interperes.
Foram tantas tempestades!