AMIZADE SEM FERROLHO
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
O homem previdente não constrói a sua casa sobre a areia. Cai a chuva, veem as enchentes, mas a casa não cai. Amigo, lembra a canção, é feito casa, casa do amigo, a quem, se você pedir um pão, não lhe dará um sonoro não. Casa construída sobre a rocha. Levantada aos poucos, com a paciência, persistência e sapiência de um joão-de-barro. Continua a canção: com alicerce resistente, casa fincada em jequitibá e vigas de jatobá, com muito tijolo e terra, reboco, taramelas firmes contra os ventos uivantes. Casa invejada por sabiás e rouxinóis, pintassilgos, canários, pardais... e pela cigarra imprevidente.
Com o tempo, os cabelos brancos vão surgindo. Mas nem por isso o amigo foge da raia. Tenho um amigo assim, desde os tempos de escola primária, no interior de Minas. Seu nome é bíblico e significa justamente ligado, unido, vinculado a alguém. A distância física nunca nos isolou. Mesmo nos tempos de carta pelo correio. Sim, amigo que é amigo quer estar presente na nossa vida, sem alarde, sem dar muito palpite... Amigo que é amigo não puxa tapete. Mantém-se fiel. Muita água rola por debaixo da ponte; outras vezes a água transborda. Mesmo assim... Amigo é a pessoa que sabe tudo sobre você, e ainda assim gosta de você.
Música e letra de Fernando Brant e Milton Nascimento, ”Canção da América” entende que amigo é mesmo coisa para se guardar dentro do coração, no lado esquerdo do peito, debaixo de sete chaves. Visto de outro ponto de vista, não seria debaixo de sete chaves. Importa mesmo é ouvir a voz que vem do amigo, pois seja o que for, venha o que vier, será sempre a voz do coração aberto, sem ferrolho nem ferrugem, luz à vista, que brilha para que possa ser vista alumiando também o caminho de outros, pois se contagia com as necessidades alheias. Contagiante para o bem. Amigo verdadeiro é aquele que leva você para o bom caminho. Pessoas não aparecem na nossa vida por acaso. Principalmente pessoas amigas...