A Teoria da Reencarnação

A Teoria da Reencarnação

Esse texto são anotações minhas feitas durante uma palestra que assisti de uma filósofa de Brasília. São palavras dela e meu conseqüente desenvolvimento sobre o tema abordado.

A filosofia trabalha com possibilidades. O homem filósofo não tem medo do novo. Já o homem dogmático esta preso ao que considera “verdade” fechando sua mente. No ocidente o termo reencarnação se tornou polêmico, mas nem sempre foi assim. A filosofia te dá ferramentas para chegar à sabedoria. A religião considerada a mais antiga da humanidade é o hinduísmo. E boa parte da base das religiões vigentes se baseou no livro hindu dos Vendas. O hinduísmo prega a reencarnação. O budismo também. O Livro dos Mortos Tibetanos, o Bardo Todol, fala dessa passagem desta vida para a vida após a morte. Morre o corpo, mas a vida continua. A alma é imortal, segundo Platão. O mitraísmo, da região da antiga pérsia, também falava de reencarnação. Os 3 reis magos da bíblia, eram astrólogos e astrônomos. Na Antiguidade, astrologia e astronomia eram estudadas juntas. A astrologia ligada mais ao lado psicológica, estudava o por que; e a astronomia ligada mais ao lado da matemática, das leis, estudava o como. Então, esses reis eram sacerdotes do mitraísmo, da região da Pérsia, que se guiando através da estrela de Belém, foi ao encontro, pelo deserto, de um grande mestre que acabava de nascer: Jesus Cristo. O 3 presentes dos 3 reis magos, o ouro, incenso e mirra, simbolizam que estava nascendo um homem de ouro, uma divindade, e que sofreria, já que a mirra é uma erva amarga, e o incenso era dedicado aos deuses entre os pagãos. O taoísmo também acreditava em reencarnação. Assim como o confucionismo. Todas essas religiões falam de um sopro de vida que volta através de diversas reencarnações.

O fogo é símbolo do espírito, pois está sempre na posição vertical e tem sua qualidade de transmutação. Já a água é símbolo da matéria, pois está sempre na horizontal. As religiões pré-colombianas (Asteca, Maia e Inca), também acreditavam em reencarnação. No Antigo Egito, quando uma pessoa morria, o Deus Anúbis, o Deus chacal, levava essa alma para um lugar para pesar numa balança seu coração com a pena da Deusa Maat. Se o coração pesasse mais do que a pena, essa pessoa tinha que voltar a reencarnar. Pois para um coração pesar menos do que uma pena tem que ter em sua totalidade aspectos espirituais, se tivesse algum aspecto material, se estivesse ainda ligado a algum aspecto material, é por que tinha a necessidade de viver a experiência material aqui nesse nosso mundo. A antiga religião grega, a religião órfica, também falava em reencarnação. Os romanos também. Já no judaísmo, essa religião era dividida em 3 grupos: fariseus, saduceus, e essênios. Há fortes indícios que José, pai de Jesus, e o próprio Jesus, eram essênios. E os essênios acreditavam em reencarnação. Assim como Jesus e os apóstolos. Os essênios viviam na periferia de Jerusalém, numa vida monástica. As religiões indígenas, africanas, americanas, também acreditavam em reencarnação. Uma das interpretações errôneas sobre a reencarnação é acreditar que o homem voltaria a reencarnar como animal ou vegetal. O homem não retrocede a tal ponto de reencarnar em animal ou vegetal. Quando na Índia se dizia que nasceria um homem com cabeça de elefante, queria dizer que nasceria um sábio, pois o elefante na Índia é símbolo da sabedoria: tem orelhas grandes e boca pequena, pois mais escuta do que fala, tem o peso do saber que faz a terra tremer, e a leveza de deixar um formigueiro passar, e ao grito da matriarca, da líder, todos os outros elefantes a seguem, como seguem os sábios ao esse sábio ensinar. No Antigo Egito, um homem com cabeça de chacal queria dizer que nasceria um homem que veria a corrupção em volta com mais facilidade, pois o chacal ver no escuro, como o gato. Platão fala que em épocas materialistas, o homem perde essa visão simbólica, as religiões decaem, e as mitologias se esvaziam. Isso acontece tanto no ocidente quanto no oriente. O sacerdote cristão Orígenes de Alexandria, que era neoplatônico, já falava em reencarnação. Não eram raros os cristãos na época do cristianismo primitivo que acreditavam em reencarnação. O termo reencarnação foi tirado da bíblia no concílio de Constantinopla, no ano 553. Está registrado. Dizem que a mulher de certo imperador mandou matar as mulheres que conheciam seu passado sombrio antes de se tornar mulher do imperador, e o povo dizia que por causa disso ela reencarnaria diversas vezes como uma mulher devassa. Então o imperador que também mandava na igreja mandou tirar o termo reencarnação da bíblia. A volta de Elias como João Batista pode ser um forte indício de reencarnação. Assim como também numa passagem da bíblia que pode ser interpretada de duas maneiras: Jesus disse: “Em verdade vos digo, só entrará no Reino dos Céus aquele que nascer de novo!” Esse nascer de novo podia estar ligado a uma próxima vida, ou na vida presente se convertendo a praticar o cristianismo, a virtude, nascendo já, agora, o homem novo.

Um dos princípios da reencarnação é a evolução. A reencarnação é um presente da natureza para continuarmos evoluindo e para pagar o karma negativo que geramos em vidas passadas. Islamismo, judaísmo e cristianismo surgiram de uma mesma fonte. São irmãos. Abraão não podendo ter filho com sua mulher, teve filho com uma escrava, que se chamou Ismael. E Deus diz na bíblia sobre Ismael: “Farei de ti uma grande nação!”. Depois, a mulher de Abraão, mesmo depois de avançada idade, consegue ter um filho, que se chamou Isaac. Os árabes se consideram filhos de Ismael, e os hebreus se consideram filhos de Isaac. E como disse certa vez um dos doutores da igreja, todo bom cristão é um bom judeu.

Sobre os filósofos que acreditavam em reencarnação

Uma vez perguntaram a Sócrates: “De onde vêm os vivos?” e Sócrates respondeu com outra pergunta: “De onde vêm os mortos?” E disseram: “Dos vivos”. Sócrates então completou: “Então os vivos vem dos mortos.” Sócrates não deixou nada escrito, o que sabemos hoje dele foi escrito pelos seus discípulos e foi repassado durante séculos através da tradição oral. Ele discursava na Ágora, e deixava as pessoas chegarem às respostas por mérito próprio, Sócrates era apenas aquele que guiava as pessoas a chegarem às respostas. É a técnica que se chama maiêutica. Sócrates dizia que tinha trabalho semelhante ao da sua mãe. Enquanto ela paria pessoas, ele paria idéias, guiando pessoas às respostas. A perda da memória não acontece depois da morte, mas quando voltamos a reencarnar.

Segundo o mito da reencarnação que Platão aborda no último capítulo da sua magnum opus “A República”, as pessoas antes de reencarnar tomam a água do esquecimento. Alguns bebem de mais, e outros de menos. Fala esse mito também que as pessoas querem reencarnar como águias, leões, gatos... Não leve ao pé da letra, mas tente entender de maneira simbólica. Querem essas pessoas reencarnar com as aptidões desses animais, como Ulisses que quer reencarnar como águia. Mas o certo, segundo Platão, é querer reencarnar como uma pessoa simples. E assim surgem os heróis. Plotino e Orígenes, discípulos de Amônio Sacas, também acreditavam em reencarnação e seguiam os ensinamentos de Platão. Inclusive, eles se diziam platônicos. O termo neoplatônico surgiu séculos depois pelos pesquisadores. Orígenes que era cristão, condenava essa imagem antropomórfica de Deus, pois considerava Deus algo muito abstrato, metafísico e elevado para ser limitado por essa forma. Orígenes de Alexandria foi expulso de sua cidade pelos cristãos e foi perseguido e morto pelos romanos. Outro filósofo que acreditava em reencarnação era Giordano Bruno. Um filósofo já no final da idade média. Perseguido pela igreja católica foi posto num calabouço por 7 anos com o objetivo de deixá-lo louco, mas cada vez que iam checar se estava louco, ele estava mais lúcido. Então, depois de sete anos, decidiram então queimá-lo vivo. Giordano Bruno disse que os seus acusadores e carrascos, que esses tremiam mais no momento de sua sentença final, do que ele ao ouvir a sentença final. Pois Giordano Bruno acreditava que a alma era imortal e não morreria. Na sua defesa no julgamento da inquisição, Giordano Bruno deu aulas. Ele já acreditava na teoria do heliocentrismo, que dizia que os planetas do sistema solar giravam em torno do sol, e que o sol não é o centro do universo, apenas está na periferia do universo.

Ian Stevenson, um psiquiatra da nossa era, professor da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos, passou a vida toda estudando a reencarnação. Ele até evitava usar o método da hipnose por que o paciente podia fantasiar. Helena Blavatsky, uma filósofa russa, fundadora da sociedade teosófica, também falava da reencarnação. Foi ela que disse que Jesus e os apóstolos acreditavam em reencarnação, e que há na bíblia passagens que está explícita a teoria da reencarnação. Ela pesquisou profundamente sobre isso. Ela foi à responsável por trazer a filosofia tibetana para o ocidente. A tradição hindu fala que o universo se expande até chegar a certo ponto que se contrai, e esse processo de expansão e contração do universo que demora bilhões de anos, esse processo é eterno. É a respiração de Brahma. Diz-se que quando o universo se contrai, o homem só existe como espírito. E quando o universo volta a se expandir, o homem passa a existir no mundo material. Imagine um gráfico X versus Y, Deus sempre existiu como escala negativa, e depois da criação do universo, Deus passou a existir em escala positiva. O que os hindus falam é semelhante ao que os filósofos pré-socráticos falavam, e o que Nietzsche falou no século 19, chamando essa teoria de teoria do eterno retorno. A natureza é cíclica, é só observar as estações do ano. O dia é cíclico, todo dia há uma manhã, tarde, noite e madrugada. Se a natureza é cíclica, e o homem está inserido na natureza, o homem também é cíclico. A história se repete, mas não da mesma maneira, como um espiral, e quando se chega à ponta do espiral, no fim da espiral, surge outra espiral, que é o eterno retorno. Se um chegar a evoluir ao ponto de não necessitar mais reencarnar, outro vai assumir o seu papel deixado na história. Como os gregos diziam que a vida é um grande teatro de máscaras. Eu falei sobre essa ligação de história, física, eterno retorno, cristianismo, teatro de máscaras, eu falei isso tudo no meu segundo livro “Fogo Interior”.

O homem no mundo material colhe essas sementes do saber para voltar ao mundo espiritual. Depois de tanto girar esse ciclo, o homem está destinado a ir de encontro ao centro da circunferência, onde está Deus. Há reencarnação também explica por que alguns nascem com certas virtudes e aptidões e outros não. Como também explica por que alguns nascem com certas deficiências. Se não fosse assim, Deus seria injusto, ao dar certa aptidão a um e a outro não; deixando um com deficiência e outro não. Nietzsche disse certa vez: “Prefiro um Deus justo, mesmo que a mão desse Deus justo esteja contra mim, e não um Deus injusto, em que eu esteja entre os protegidos desse Deus injusto.” As pessoas são diferentes por que caminham por caminhos diferentes. Pois temos o livre-arbítrio. Se um homem não necessitasse evoluir para chegar à divindade, para que serve a existência na Terra? Como disse Nietzsche na sua magnum opus “Assim falou Zaratustra”: “O que é de grande valor no homem é ele ser uma ponte e não um fim; o que se pode amar no homem é ele ser uma passagem e um acabamento.”

Assim como na idade média era herético negar o espírito, na ciência hoje é herético afirmar o espírito. A história saiu de uma extremidade, e foi a outra extremidade, como um pêndulo. Diz uma corrente da história que estamos caminhando para uma nova idade média: as estradas estão perigosas, as pessoas se fecham em condomínios fechados (enquanto na idade média européia eram os castelos); excesso de misticismo, seitas e fantasias; enquanto na idade média européia a igreja ditava as regras, hoje é a ciência quem dita às regras. Uma das negações a reencarnação diz que se reencarnação existisse lembraríamos de vidas passadas. Mas se você leitor, não consegue lembrar da semana passada, por acaso você não existia na semana passada? Se não lembramos por que tem um motivo. É necessário o esquecimento. Siddharta Gautama, o Buda, na sua última prova antes de entrar no nirvana, tinha que lembrar todas as suas vidas passadas. Dizem que isso é algo tão assombroso para diversas pessoas, que só nesse estado de estar prestes a entrar no nirvana, na iluminação, que o ser humano tem condições psíquicas de saber de todas as suas reencarnações passadas. Um certo filósofo respondendo a um questionamento por que não lembramos de vidas passadas, disse: “Por que não temos muito o que lembrarmos.”

Outra filósofa disse o seguinte: “Devemos lembrar aquilo que aprendemos e esquecer o quanto foi o preço que pagamos para ter esse aprendizado.” Por que ela disse isso? Por que se não nós nos tornaríamos seres humanos amargurados. Segundo a tradição tibetana, o tempo certo para se passar na vida após a morte é 2000 anos, e só depois de se purificar nesse tempo, é que se deve reencarnar. Porém, com a explosão demográfica, tem gente reencarnando depois de décadas de suas mortes. E assim, carregam consigo traumas de vidas anteriores que não deu tempo de purificar. Em um dos casos de Ian Stevenson, uma menina tinha medo de carro por que na vida passada foi atropelada por um. Outro caso mostrava uma criança que sempre que via alguma cena de guerra na televisão ficava transtornado.

No evangelho apócrifo de Judas, Jesus pede a Judas para entregar-lo para ser crucificado, pois segundo Jesus, Judas Iscariotes era o apóstolo mais forte. Jesus disse que Judas seria o responsável de entregar ao sacrifício o homem que aprisiona essa alma, a alma de Jesus. Hoje fazemos um culto em torno do corpo, mas segundo esse evangelho, Jesus via além da matéria, além do corpo. Como já disse, o corpo morre, mas a alma é imortal.

Hoje não se sabe do que o sol é feito, e como é seu processo de combustão constante, e isso por que o sol está diante de nossos olhos e ainda temos essas dúvidas. Mas nem por causa dessa dúvida sobre esse processo solar, não negamos a luz que vem do sol, ela existe independente da especulação científica. Mesma coisa com a teoria da reencarnação, mesmo a ciência ainda não chegando a consenso de como é esse processo de reencarnação, não quer dizer que ela não exista. Tem um dito popular que diz: “A mente é como um pára-quedas: só funciona quando se abre”. Como diz Morfeu a Neo no filme Matrix: “Eu só quero libertar sua mente, Neo... Mas eu só posso lhe mostrar a porta, é você que tem que atravessá-la. Livre-se do medo, da dúvida e da descrença: liberte sua mente!” O homem que é fiel a si mesmo, aos seus princípios, independente das circunstâncias, é o homem indivisível, o individuo que Platão fala, o homem de ouro, onde há ouro no seu coração e por isso ele não ver necessidade de procurar o ouro fora de si. Com relação ao espiritismo, criado por Allan Kardec, teve como principal objetivo trazer de volta para o ocidente a idéia da reencarnação.

Autor: Victor da Silva Pinheiro

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Victor Silva Pinheiro
Enviado por Victor Silva Pinheiro em 18/08/2017
Reeditado em 20/08/2017
Código do texto: T6087356
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