VIVA O POVO BRASILEIRO.
É domingo, dia de descanso, dia em que a maioria acorda um pouco mais tarde. Está bem frio agora, portanto, um incentivo a mais para ficar debaixo dos cobertores, ao calor gostoso de um dia especial. O domingo é para muitos como também é para mim, um dia muito especial. Não só por ser o dia oficial do descanso; no meu caso, este termo não se aplica bem, pelo simples fato de estar já a três meses desempregado, mas... Para os trabalhadores desse Brasil, que enfrenta os suplícios e a agonia de uma semana inteira de trabalho e desafios, o domingo, é sem a menor dúvidas, o dia mais esperado. O dia em que a pessoa não vai ter que ver a cara enfezada do chefe, a correria de incontáveis compromissos que se avolumam no decorrer da semana, que o desnorteia, que rouba-lhe a paciência e o faz perder o sono. A semana torna-se pesada demais, carregada desses pormenores que ao meu ver se tornam pormaiores, a maioria já durante os cinco ou seis dias de trabalho, já projeta e faz planos para o domingo, jogam sobre ele todas as suas expectativas. Assim é, assim acontece neste meu país, neste Brasil imenso, de pessoas que tem o meu profundo respeito e admiração, verdadeiros guerreiros e guerreiras.
Enfim, é domingo. Estou na casa do meu cunhado, ele convidou-me para um churrasco, que está sendo feito na laje da casa do seu pai, um espaço gostoso, amplo, muito bem coberto. A churrasqueira está acesa, brasas vermelhas. Na grelha uma costela recheada embrulhada em papel alumínio. Se fazem presente no churrasco poucas pessoas, apenas a família. Meu pai, o irmão do meu cunhado, e as esposas. Na parte debaixo, na cozinha, as mulheres fazem o almoço, a comida domingueira, comida saborosa, tão esperada. Do alto da laje é possível ver diversas outras lajes, casas, cozinhas, áreas espaçosas, quintais. Em cada uma dessas casa, há um considerável número de pessoas que se aglomeram, que conversam, que riem, e comem, outros bebem, outros dançam... É o Brasil, é o brasileiro saudando o domingo com sua alegria. Talvez pareça não ter tanta importância, mas como disse anteriormente, se considerarmos os desafios da semana, o domingo tem que ser mesmo comemorado, cada um a seu jeito e a seu gosto. Os Brasileiros acostumaram esconder por detrás de seus sorrisos, de suas comemorações, de suas festas, as suas dores marcadas na própria carne, dores marcadas pelos chicotes de um sistema algoz e esmagador. Mas... Enfim... É domingo. Comemorar é mais que necessário, em um país tão religioso, comemorar o domingo se tornou quase que uma religião. Eu gosto de ficar observando as pessoas, em silêncio, eu as observo; enquanto meu cunhado está se divertindo na churrasqueira, e o meu pai conversava distraidamente com o irmão do meu cunhado, um pouco mais afastado, no celular eu rabisco essas poucas palavras que compõem essa crônica. E o domingo segue seu curso alegre, afinal, esse país é feito de pessoas alegres e batalhadoras, mesmo quando tudo parece contrário. Viva o povo Brasileiro.