Da partida ao regresso
DA PARTIDA AO REGRESSO
Caio na cama. Braço para a direita, perna para esquerda. Corpo amortece no macio e confortável colchão. A respiração sobe e desce até encontrar o ponto da normalidade. Adormeço. Consciência do dever cumprido. Sono dos anjos.
Acordo. Todo dia tudo sempre igual. Levanto-me às seis horas da manhã. O sorriso pontual. Alguém me espera pro jantar.
Hoje faço diferente. Pulo da cama. Olho a janela. Vejo o mar. Navios ancorados no porto. Eles estão lá. Seguros. Mas não foram feitos para isso, disse um grande sábio. Rasgo o invólucro da segurança que me envolve. Dispo-me de todas as mordomias. Da cama macia, do caviar, do vinho, do aconchego das pessoas queridas.
Mochila nas costas. Documentos. Um lenço. O mesmo que acena para os que ficam enxuga as lágrimas da saudade. Vou mas volto. Volto com muita bagagem. Trarei um baú de sabedoria. Vou a busca de conhecimentos para multiplicar com os que ficam. O que trarei nunca será roubado. O saber.
Quando voltar leva o chinelo pra sala de jantar que lá mesmo a mala eu vou largar. Estou voltando!
O mesmo lenço que enxugou as lágrimas da saudade enxugará os pingos da felicidade que espalharão no meu rosto. Desta vez o aceno será um sinal de retorno. E vou gritar antes do navio ancorar. De longe estarei acenando e bradando aos quatro ventos.
“VOLTEI...SOU MESTRA!!!!”