Salada de Frutas

SALADA DE FRUTAS

Sentada numa mesa no cantinho, com sua cerveja geladinha e um prato de petisco, o João, aquele cara calado, que pouco fala, que pouco rir observa aquela gente tão animada que participa de uma festinha íntima.

E pensa consigo mesmo. Come se rebola e se oferece a mulher do José. E ele só fica rindo com cara de banana.

Na rodinha dos políticos só se fala em abacaxi. Partidos que se desentendem, as brigas pelas disputas de cargos. E por ai vai...

E quando a Zoraida adentra na festa com uma roupa extravagante, João pensa baixinho. Essa mulher gosta de chamar atenção. Qualquer dia pendurará uma melancia no pescoço.

Continuando com um olhar crítico, observa o Pedrão. O homem rico da cidade que está a se pabular no meio dos grandalhões. Em menos de um ano comprou mais vinte prédios, trocou de carros várias vezes e não se sabe de onde vem tanto dinheiro. Laranja dizem as más línguas!

O Abelardo é um mau humorado. Sempre com a cara de quem chupou limão azedo. A Guiormar nem parece que fez tantas plásticas continua enrugada que nem um maracujá. Em compensação a Paulinha é um amor de nordestina. O moranguinho do nordeste. E a Claudinha é uma bela menina. Uma uva!

João lá, tomando sua geladinha e fazendo suas observações ao som de Alceu Valença:

Da manga rosa quero o gosto e sumo

Melão maduro, sapoti, juá

Jaboticaba seu olhar noturno

Beijo travoso de umbu cajá

Pele macia é carne de caju...

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 15/08/2007
Reeditado em 20/05/2020
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