Inverno.
Inverno é assim: Tudo gelado, duro, tenso, encolhido... a mudança do tempo, os ventos, a friagem, a umidade no ar, deixa o corpo resfriado, mas este corpo dá um jeito de o mandar embora, porque ele não é bom.
Resfriado cansa as pessoas com os seus incômodos, sempre querendo chamar a atenção. Cansaço e desânimo deixando o corpo lento, dolorido, afetando-o com uma descarga negativa que pode ser observada no olhar ou na postura da pessoa.
As pessoas não querem isso, elas querem alegria, esquentar seus corpos com outros corpos que trazem calores positivos e quando não é assim, a defesa do organismo vai juntando um conjunto de catarros que ao serem expelidos para fora do corpo, levam junto às negatividades impregnadas. E é preciso jogar o catarro fora para que o corpo não fique doente...
Eu por vezes tento pigarrear e jogar pra fora o que não é bom, mas é tão incerto pensar que se consegue apenas jogar pra fora e não sentir culpa por ter sujado algo ou alguém, na hora, vem o sentimento da autopunição me consumindo como um vírus de inverno.
Tento falar mas o vírus está ali na garganta, parado que nem uma saliva colada, interrompendo minhas falas com cada tosse.
Longe de mim querer ser notada e vitimizada como um nariz vermelho teimando em escorrer aquele fluído nasal que a garganta não consegue dar passagem, porque está comprometida também...
Eu não quero terminar esse inverno fria como ele, eu não quero ter um congestionamento nasal e nem ter minha garganta bloqueada pelos obstáculos que aparecem nela.
Eu quero é ser neve, ser dura as vezes e me derreter por outras vezes. E quero sentir o vento apenas passar sabendo que o que ele trás sendo bom ou ruim não permanecerá, porque o inverno não dura para sempre.