AS FLORES DE PLÁSTICO.
Ok, concordo. Envelhecer é um ato de coragem. É para os fortes, de corpo e de alma. Alguns desistem no meio do caminho. Nem sempre por vontade própria; às vezes, por razões nem sempre conhecidas, a caminhada é interrompida antes da linha de chegada.
Hoje, estamos vivendo mais e, não há como fugir. Um dia, teremos que encarar o peso da idade. Um fio de cabelo branco aqui, outro ali, uma dorzinha cá, outra lá...e começamos a tentar alternativas para continuarmos com a boa aparência e a vitalidade de outrora.
Tentar preservar uma boa aparência e uma saúde perfeita não é só recomendável como também, uma opção de grande inteligência, em todas as fases da vida. No entanto, há pessoas que cometem um certo exagero quando decidem prolongar o aspecto jovial a todo custo. E, recorrem a técnicas invasivas e perigosas para que seus objetivos sejam alcançados. Algumas vezes, ganham um aspecto artificial, ao eliminar de forma radical as marcas do tempo. E continuam tentando a eterna juventude.
Eu tento ser amiga do tempo. Fiz com ele um pacto. Pedi, simplesmente que passasse rápido nas horas sofridas e bem devagar nos momentos de alegria e prazer. Ele vem tentando...
Tenho pela Natureza um apreço e um respeito muito grande. Tento entender seus sinais, seus recados, seus mistérios, sua sabedoria. E acredito que a degeneração do corpo nada mais é, senão, uma das Leis da Natureza atuando sobre nós. O corpo degenera para que aos poucos nos desapeguemos dessa “roupagem”, que um dia, de nada nos servirá.
Envelhecer é um processo natural. “Somente as flores de plástico não morrem”. Não morrem porque não vivem. Não respiram, não perfumam, não se multiplicam, não dão mudas, não dão vidas. É na brevidade que mora a beleza das flores. Elas morrem rapidamente, morrem no seu tempo, para nos ensinar que a vida é bela e passageira. E esse desabrochar apressado das flores nos permite novas expectativas para a próxima florada.
A “Melhor Idade” é aquela que nos faz felizes. Não importa se aos vinte, quarenta, sessenta. Com rugas ou não... Não há cirurgião, por melhor que seja, que consiga dar vida a um sorriso plastificado. Não há cirurgia plástica que devolva aos olhos, o brilho, se a alma já estiver apagada.
Elenice Bastos.