BIGODE DE LEITE (LEMBRANÇA DE MINHA INFÂNCIA)
A palavra PAI na vida de cada filho tem valor imensurável. Ele é nossa rocha, aquele que, somente de pensar nele, em sua feição, temos referência sobre todas as decisões que iremos adotar em nossa vida. Ele é nossa fortaleza, nosso herói. Sabemos de cor as suas expressões físicas de alegria ou de tristeza, de braveza, de sorrisos e de singela bondade! É alguém que nos ensina todos os dias desde a mais tenra infância até na idade madura a compreender melhor a realidade que nos cerca. Indubitavelmente é nosso porto seguro. E quando olho para mim, quando criança, vejo de forma fantástica, passagens que me emocionam e me fazem reviver momentos simples e de altíssimo valor ao lado de meu valoroso pai que hoje, ao lado de minha mãe, reside na cidade de Curvelo – MG. Então, abaixo descrevo em algumas linhas, em forma de poema, uma dessas passagens que marcou muito e permanecerá por toda a minha vida. O poeta, orador e sacerdote anglo-galês, George Herbert, nos lembra que “um pai vale mais do que uma centena de mestres-escola.”
E agora na “bêra” do “córrego” eu perguntava: tem gente aí?
__Pssssiu! Era meu pai: se não vai “espantá” os” peixe”!!
Era um piau, um mandinho, uma piaba, “vamo limpá e fritá”.
E na hora do almoço no fogão de lenha, na farinha “tava” gostoso,
Daqui a pouco a gente volta “pro” rio! Mas tem “qui ficá quieto minino”!
Enquanto eu andava na imaginação uma carroça me levava até o rancho
Meu tio fazia piada do meu cabelo!
E eu naquela estrada acompanhando os “passo” do cavalo a “repica”
A ansiedade era mais e mais,
Quando ao longe o boi zunia, mais perto “tava” aquela alegria
Era meu “Vô” que conduzia a boiada a pastar!
E lá chegando o curral era o destino na relva da manhã.
O leite ao pé da vaca a encher, um bigode a “espumá”,
Alguém me olhava e se ria em apontar o sabor da natureza quente e proeza!
Então me preparava p’ra pescar
E meu pai ao enxadão, a isca no barranco, lá está.
Ela foge e se despedaça em minhas mãos no barro a sumir, separando cada torrão.
Descendo a mangueira, pulando a cerca, rasguei minha jaqueta.
Mas no caminho uma oração: salve, “sinhor são bento, livrai dos bicho peçonhento”,
(mais uma vez, minino!) salve, “sinhor” são bento livrai dos bicho peçonhento”.
E na “bêra” do “córrego” eu perguntava: tem gente aí??