E POR FALAR EM CAMÉLIAS...
“Arabescos de núvens lá pelos lados do Sul,diziam-lhe de previsões de tempo que raramente falhavam.E naquêle seu jeito caboclo,ouvia a “Guaíba de Porto Alegre”entre um chimarrão e outro”
Seu Jango.
Hoje despertei com um desejo de poder dizer-lhe tantas coisas...
Falar daquelas minhas ansiosas esperas nas tardes de sábado.
Daquêle trem apitando lá pelas bandas de "Guti" e meu coração menino aos solavancos na expectativa de tua chegada.
Depois, aqueles nossos reencontros no portão.
O olhar carinhoso, aquêle seu jeitão caboclo de levar a vida, a maçã envolta num papel roxo (vinda da Argentina,como você fazia questão de frizar) ou aquêle embrulho com jujubas,o doce de minha preferência, saíndo de um dos bolsos da calça.
Relembrar a harmonia que reinava naquela casa, tão nossa!
A simplicidade acolhedora à tantos amigos seus.
E lá vinham os compadres, as alegrias,os jogos de cartas...(Seo Adriano com aquêle violão!... E todos cantando em uníssono o mesmo refrão:
[“E a fonte à rolar...Chuá,chuá...
E a água à correr...Chuê,chuê..."]
As cucas recheadas,encobertas com farofa doce, Dona Hilda sempre exageradando em tudo,né?
Até na expessura das fatias servidas àquela gente animada.
A sua haveria de conter muita goiabada;recomendação do chefe. (Aliás, bem mais camarada que chefe).
Tanto a lhe a dizer...Meus tempos de adolescente, os retornos em altas madrugadas e você acordado à minha espera.Minhas broncas diante da sua inquietação enquanto eu não chegava.Mais tarde a mesma cena repetindo-se comigo em relação ao meu filho. A história é sempre a mesma,mudam-se tão somente os enderêços.
Quanto de bom, e de penoso também, a vida nos reservou,não é mesmo?
Gosto de relembar apenas o que de melhor ela nos ofereceu e tantos foram os momentos lindos, vividos com emoção,faternidade,amor e poesia.
Sim,porque a poesia reside no jeito simples de encarar as coisas do cotidiano, e isso nós fizemos.Como fizemos!
Você se foi, já bem velhinho, mas com a garra e lucidez de um jóvem.Tua cabeça cheia de histórias,de lembranças , revividas (e repetidas por muitas vezes) ao lado daquêle fogão à lenha. Recebestes menção honrosa pela eficiência de seus 54 anos dedicados ao trabalho (ao mesmo trabalho).
Um show a sua participação naquele encontro que reuniu mestres e historiadores de nosso município e você ,aos 86 anos,mencionando datas ,personalidades e fatos que fizeram a história de Irati.Três dias após nos surpreendestes com viagem não programada ,aos campos do infinito.
Muito ainda eu teria à lhe falar,à recordar...Dizer daquêle seu olhar lá pelos lados do Sul e a previsão do tempo,baseada nos traços do céu,que raramente falhava.
Seu fanatismo por futebol. Na TV ,sem volume,assistias à uma partida.Pelo rádio (sempre sintonizado na Guaíba de Porto Alegre) ouvias ao mesmo tempo a transmissão de outro jogo.
E , como ninguém é perfeito, eras torcedor do "Inter".
Tenho ainda em meus guardados aquela caneca “colorada” em que tomavas o seu café da manhã.
Como esquecer-me daquêle seu gosto pela terra,pelas plantas? Das muitas árvores que ergueram-se de suas mãos ? Algumas ,como as camélias,só para agradar à dona Hilda o grande amor de sua vida.
...E POR FALAR EM CAMÉLIAS, aquelas que haviam proximas à uma das janelas que não mais existe,continuam lindas.
Ei-las,numa foto especialmente pra ti,meu pai e amigo. . .
“Arabescos de núvens lá pelos lados do Sul,diziam-lhe de previsões de tempo que raramente falhavam.E naquêle seu jeito caboclo,ouvia a “Guaíba de Porto Alegre”entre um chimarrão e outro”
Seu Jango.
Hoje despertei com um desejo de poder dizer-lhe tantas coisas...
Falar daquelas minhas ansiosas esperas nas tardes de sábado.
Daquêle trem apitando lá pelas bandas de "Guti" e meu coração menino aos solavancos na expectativa de tua chegada.
Depois, aqueles nossos reencontros no portão.
O olhar carinhoso, aquêle seu jeitão caboclo de levar a vida, a maçã envolta num papel roxo (vinda da Argentina,como você fazia questão de frizar) ou aquêle embrulho com jujubas,o doce de minha preferência, saíndo de um dos bolsos da calça.
Relembrar a harmonia que reinava naquela casa, tão nossa!
A simplicidade acolhedora à tantos amigos seus.
E lá vinham os compadres, as alegrias,os jogos de cartas...(Seo Adriano com aquêle violão!... E todos cantando em uníssono o mesmo refrão:
[“E a fonte à rolar...Chuá,chuá...
E a água à correr...Chuê,chuê..."]
As cucas recheadas,encobertas com farofa doce, Dona Hilda sempre exageradando em tudo,né?
Até na expessura das fatias servidas àquela gente animada.
A sua haveria de conter muita goiabada;recomendação do chefe. (Aliás, bem mais camarada que chefe).
Tanto a lhe a dizer...Meus tempos de adolescente, os retornos em altas madrugadas e você acordado à minha espera.Minhas broncas diante da sua inquietação enquanto eu não chegava.Mais tarde a mesma cena repetindo-se comigo em relação ao meu filho. A história é sempre a mesma,mudam-se tão somente os enderêços.
Quanto de bom, e de penoso também, a vida nos reservou,não é mesmo?
Gosto de relembar apenas o que de melhor ela nos ofereceu e tantos foram os momentos lindos, vividos com emoção,faternidade,amor e poesia.
Sim,porque a poesia reside no jeito simples de encarar as coisas do cotidiano, e isso nós fizemos.Como fizemos!
Você se foi, já bem velhinho, mas com a garra e lucidez de um jóvem.Tua cabeça cheia de histórias,de lembranças , revividas (e repetidas por muitas vezes) ao lado daquêle fogão à lenha. Recebestes menção honrosa pela eficiência de seus 54 anos dedicados ao trabalho (ao mesmo trabalho).
Um show a sua participação naquele encontro que reuniu mestres e historiadores de nosso município e você ,aos 86 anos,mencionando datas ,personalidades e fatos que fizeram a história de Irati.Três dias após nos surpreendestes com viagem não programada ,aos campos do infinito.
Muito ainda eu teria à lhe falar,à recordar...Dizer daquêle seu olhar lá pelos lados do Sul e a previsão do tempo,baseada nos traços do céu,que raramente falhava.
Seu fanatismo por futebol. Na TV ,sem volume,assistias à uma partida.Pelo rádio (sempre sintonizado na Guaíba de Porto Alegre) ouvias ao mesmo tempo a transmissão de outro jogo.
E , como ninguém é perfeito, eras torcedor do "Inter".
Tenho ainda em meus guardados aquela caneca “colorada” em que tomavas o seu café da manhã.
Como esquecer-me daquêle seu gosto pela terra,pelas plantas? Das muitas árvores que ergueram-se de suas mãos ? Algumas ,como as camélias,só para agradar à dona Hilda o grande amor de sua vida.
...E POR FALAR EM CAMÉLIAS, aquelas que haviam proximas à uma das janelas que não mais existe,continuam lindas.
Ei-las,numa foto especialmente pra ti,meu pai e amigo. . .