À Igreja Católica

O celibato não é nem nunca foi um dogma da igreja mas, apenas uma tradição consolidada e passou a ser disciplinar para essa própria igreja. Não se encontra, atualmente, nas pautas das grandes discurssões no seio eclesiástico.

Pude confirmar, embora que com espanto, a diminuição do número de cristãos católicos na cidade de Japaratinga, interior de Alagoas. Há lá uma capela multicentenária, desolada, sem páraco e, na maioria das vezes, não tendo sequer fieis que possam fazer as leituras do Evangelho, nas raras missas semanais.

Naquela cidade vem crescendo assustadoramente o protestantismo. É comum vê-se os fieis testemunhas de Jeová, deselegantemente apelidados de “queima feijão”, dada as custosas conversas nas portas das casas, tentando conquistar adeptos, passeando nas ruas da cidade. Foi também lá onde ouvi a mais barulhenta igreja “Assembléia de Deus”.

E é com essa marcha presencial que o cristianismo Petrino vem descaminhando na estatísticas quantitativas na história recente do país, mais precisamente em nosso Estado.

Falava no início desta crônica, no celibato. Talvez esse seja o espinho maior, co-responsável pelo volumoso êxodo vocacional de que temos conhecimento. Enquanto uma igreja dadivosa e permissiva murcha, outras mais rigorosas, pedidoras, crescem.

E as óstias, enquanto isso, continuam a serem produzidas com o trigo importado. O Brasil voltou a liderar a importação de trigo. Nossa triticultura está pífia. Importamos 15 milhões de toneladas de trigo.

Não sei, mas, talvez ainda não nos seja tarde para pedirmos à literatura que dê as costas para Derrida e o seu “construcionismo francês”. Mas o mal se banalizou, eu sei. Nossos corações têm sentido mais angústias do que mesmo alegrias. As famílias, o que resta, dão passos isolados rumo à nem sei aonde.

Há um descaminho que abraça um desejo destemperado de perder-se, antes mesmo de sair-se, quanto mais, pensar-se no chegar-se. Há pressa para a fuga. Outros olhares sombreiam o remanso dos valores de ontem. E como uma maré mortífera, o mal vai e vêm, cantarolando uma destruição que já não parece ser infinda.O que será que está havendo?

Volto à Japaratinga. Senhor Arcebispo, passa da hora de desjaparatingarmos o catolicismo em nosso Estado. Por que não aproveitar agora e transformála em paróquia, ofertar missas mais de uma vez por semana, reconquistar os fieis arrancados de nós, por tantos outros cristãos, alheios ao nosso catolicismo?

Mas se por outro lado, o desejo maior é o de ver crescer o protestanismo, que assim o seja. Eu apenas não achei o melhor norte, ver os meus irmãos de fé sendo expurgados, diante de tanta carência.

O celibato talvez esteja mesmo sendo um limitador de oferta de padres; quanto aos raros trigais de nosso país, isso oferece dessabor muito maior à nossa economia do que mesmo as levíssimas óstias que nós cristãos consumimos. Mas quanto ao êxodo católico de Japaratinga, esse sim, é produto facilmente visto por lá e, dói na alma! É preciso fazer-se alguma coisa!