Tadinho...

Dia desses presenciei o diálogo entre a pena e a compaixão, acho que discutiam acerca de um menino

- Cara, tadinho...

- Tadinho por que, pena?

- Compaixão, você não tá vendo que o garoto tá doente?

- Sim, tô, mas ele é jovem, pode e vai se recuperar!

- Como você tem tanta certeza? Nem dinheiro para comprar os remédios ele tem, a mãe não trabalha, o pai tá desempregado, como ele vai se recuperar?

- O pai tá desempregado, mas sempre arruma um jeito de ganhar alguma coisa, ele tem saúde e disposição pra correr atrás, e a mãe não trabalha fora de casa, mas vende seus doces e cuida do filho com todo amor e cuidado.

- Mas olha a vida deles! São pobres, mal tem o que comer!

- São pobres sim, mas nunca lhes faltou o necessário para viver, e tem amor, fé e coragem. Eles podem passar o que for, mas passam juntos e com fé de que as coisas vão melhorar e vão.

- Como você tem tanta certeza disso?

- Deus não dorme, peninha!

- Se não dorme como deixou a doença entrar nessa família? Como os deixa passar tanta necessidade?

- A doença entrou nessa família para uní-los e fortalecê-los ainda mais, para se preocuparem e valorizarem mais sua saúde daqui em diante.

- Tá, mas e a necessidade? Como pode achar que Deus não dorme em meio a tanta escassez?

-Eu sei, eles sabem e você também devia saber, isso vai passar, o que é deles Deus tem reservado, e quando chegarem lá irão valorizar muito mais justamente por conta dessa escassez em que vivem hoje.

- Vem cá, de verdade, você não tem nem um pouco de pena deles?

- Jamais, me compadeço e oro para que Deus os fortaleça, que olhem apenas para a frente, para cima, crendo que podem passar pelo que for, mas coisas boas estão por vir.

- Você não tem é coração isso sim!

- Tenho, e meu coração clama para que eles jamais sintam pena de si mesmos, que saibam escrever seu destino e não se sintam vítimas dele, e que nunca percam a fé. Quem tem pena é galinha, cara!

- Você com essa piadinha de novo.