Uma xícara de açúcar!
-Vizinha, tem uma xícara de açúcar pra me arrumar?
Essa era uma pergunta recorrente entre as vizinhas que era
prontamente atendida.
-Claro, só açúcar?
Ai começava um papo entre elas que comentavam assuntos
cotidianos que pertenciam as simples donas de casa.
Isso me traz lembranças da minha saudosa e remota infância
dos tempos em que amizade sincera e solidariedade eram regras
sagradas.
No carnaval era comum os filhos do dono de uma fabriquinha
da rua, junto com alguns funcionários e outros vizinhos, carregarem
2 Kombis da firma com tambores de 200 litros de água e dar banho
nos pedestres ao som alto de marchinhas famosas.
Só me lembro de um incidente dessa brincadeira quando um
vizinho da rua saia de casa todo elegante no seu impecável terno
a caminho de um casamento na igreja do bairro em pleno sábado
carnavalesco e teve a infelicidade de se deparar com a alegórica
Kombi.
Conclusão: tomou um inevitável banho e teve que voltar e se
trocar quase perdendo a cerimônia.
Nos dias de festa junina a molecada, na qual eu me incluía, saia
em busca de madeira velha, nos numerosos terrenos baldios, para
alimentar a fogueira do "arraial" no quintal de terra espaçoso de
uma vizinha que também organizava uma quadrilha com a garotada
vestida a caráter.
A coreografia só era interrompida quando era visto um balão
prestes a cair, ai era uma debandada de caipiras que incluía até
o noivo e o padre.
No Natal e fim de ano a rua ganhava mais vida com o entra
e sai em todas as casas e cumprimentos e abraços eram distribuídos
a granel fechando o ano com chave de ouro.
Quantas saudades,...que falta faz uma xícara de açúcar!!!