ADEUS, MINHA QUERIDA TIA IRACEMA

RECEBA O MEU AMOR, MINHA QUERIDA TIA IRACEMA

Nelson Marzullo Tangerini

Minha tia Iracema Ramalho Marzullo de Freitas, depois de uma longa e dolorosa caminhada, despediu-se de nós, na noite de ontem [6.8.2017]. Não pude me despedir dela, uma vez que foi sepultada na manhã de hoje às 8 horas da manhã.

Marzullo? Sim, ela era Marzullo, e era filha de um péssimo pai, meu avô Emílio Marzullo, um italiano de Paola, que teve três filhos com minha avó materna Antônia de Oliveira Soares Marzullo [Maurício, Dinah e Dinorah] e quatro filhos com Nair Ramalho [Maria de Lourdes, João Baptista, Iracema e Lúmen].

Quando conheceu Nair, uma menina de 14 anos, ele se dizia viúvo de Antônia e obrigava Maurício a confirmar o que dizia. Meu tio, pequenino, sem saber, confirmava o que pai mandava dizer.

Os filhos de Emílio e Nair não receberam o sobrenome Marzullo e em suas certidões de nascimento constava que eram filhos de pai desconhecido. Creio que, naquela época, não se podia registrar os filhos da segunda união com o nome do pai. Pelo menos é o que alguns familiares me disseram.

De ontem para hoje, algumas lágrimas me rolaram pela face. Pensei em toda a história de minha tia, que passou privações, passou fome e teve que pedir esmola na rua com Lúmen, o caçula.

Enquanto isto, Emílio, o Poeta da Praça 11, que causou sofrimento às suas duas mulheres e a seus sete filhos. com sua poesia, gravata borboleta e seus belos olhos azuis tirrenos, vivia na boemia e namorando belas e indefesas mulheres.

Conheci Iracema no final dos anos 1990, quando pedi â tia Maria de Lourdes, que me apresentasse meus outros tios. Lourdes frequentava nossa casa e nos falava sempre de seus três irmãos Marzullo. Era desejo dela que todos se reunissem num encontro, o que não aconteceu. Tentei reuni-los também, e foi inútil. Fui criado longe deles, talvez por eles serem filhos da outra, mas nutria uma curiosidade imensa.

Eles queriam também me conhecer, e eu fui ao encontro deles, Lourdes, João Baptista e Iracema, em Paracambi, Estado do Rio de Janeiro.

Fiquei amigo de todos eles e de meus primos. Passei um carnaval muito divertido em Vassouras com minha tia Iracema. Fui a serestas com Lúmen. Passei um carnaval com minha tia Lourdes em Mangaratiba. Sentava-me ao lado de João Baptista, o João Cheiroso, para ouvir suas histórias, de como ganhou esse apelido, porque vendia os perfumes que Emílio fazia.

Iracema, quando era vizinha de João, em Paracambi, muitas vezes me hospedou em sua casa muito simples.

João, esteve muito mal, após perder seu filho Paulinho. E todos os sábados ia visitá-lo em casa ou no hospital. Quando recuperou-se do baque, e da saúde, João me escreveu uma bela carta, que já foi publicada em crônica minha no livro Nós Desatados.

Na tarde hoje [7.8.2017], tive vontade de homenagear minha tia Iracema com uma bela poesia. A tarde estava bela. Imaginei aquele sol belo e brando jogando seus raios sobre sua campa. Que bela homenagem e que bela poesia ela merecia receber.

Tia querida, guardarei você em meu coração para o resto de minha vida. Um dia estaremos juntos. E nos abraçaremos.

Nelson Marzullo Tangerini
Enviado por Nelson Marzullo Tangerini em 08/08/2017
Reeditado em 09/08/2017
Código do texto: T6077932
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