Falar de amor é muito fácil, mas falar de recomeço de vida é difícil e dolorido. Recomeçar é aceitar primeiro que fracassamos em algo que começamos. E aceitar que não dei conta das dificuldades e não dei conta de continuar a vida que a situação me oferecia.

Pior é que, quem não vive sua vida está sempre a te dizer tudo que deves fazer sem ao menos sentar e te ouvir ou pelo menos tentar te ouvir e entender. Mas não podemos desistir de recomeçar.

No início de todo relacionamento há educação e respeito, disse uma conhecida uma vez. E relatou que falou ao seu interessado que não deveria ser educado com ela se isso não fosse feito por toda vida.

Concordo com tal sinceridade, mas será que é só na fase de Conquista que devemos ser educados? Ou é um exercício que precisamos fazer todo tempo em que estivermos juntos. Não é fácil ser educado quando estamos nervosos, não é fácil ser educado quando estamos com pressa, mas é possível.

Tenho hábito de antes de escrever algo testar eu mesma se dou conta de fazer o que falo. E durante anos usei dessa arte chamada educação para reger minha caminhada. Ser educada ao falar mesmo que a vontade seja de gritar a todo vento palavras de desaforo e até de verdades. Mas isso traria o que? Era a pergunta que eu me fazia durante esse exercício.

E pra falar de educação e gentileza precisamos falar de amor, e das marcas que ele nos faz carregar. Algumas são tão fáceis de carregar, como a frase: “ATE AS NOSSAS MÃOS DADAS FAZIAM AMOR EM PUBLICO”. Como é bom viver o amor em sua corriqueira vida. Andar de mãos dadas, olhares de aprovação para um desafio. Dividir as alegrias e fracassos e mesmo chorar juntos quando a dor é maior que a vontade de continuar.

Quando o amor está em nossas veias fazendo tudo funcionar o andar de mãos dadas é um exercício de paixão explicito. Cada toque é uma palavra dita com paixão. Cada gesto é a expressão exata de um dia que deu certo.

Essas marcas são tão fáceis de serem carregadas, em qualquer época ou idade nos lembramos dela com alivio e o coração ainda faz seu samba particular. São lembranças que não podemos esquecer quando o amor acaba e precisa se transformar em nossa etapa.

As marcas ruins não podem ser tão expostas a ponto de nos deixar contaminar por elas e nos tornar amargos e inflexíveis. Serão elas que nos faram tomar novas decisões, que nos faram voltar a caminhada. Mas não podem ser elas a nos guiar ao ódio e violência.
Não conheço nada que não tenha tido principio meio e fim, mas porque o fim não pode ser como o inicio, com delicadeza e fragilidade que a situação precisa.

Nossas mãos não faram mais amor em público, mas podemos em público e particular ser cordiais e honestos conosco mesmo, ao admitir que não existe fim apenas de uma parte. Que todos se machucam quando o amor acaba. E todos serão transformados pela nova decisão.

Cada um fará sua nova história e as boas lembranças de um amor nos fará abrir novamente o coração a outro, e as duras e difíceis marcas deverá nos fazer rever conceitos, valores e posturas diante de novos desafios.
Ninguém em sua capacidade normal de percepção se une sem esperança de envelhecer juntos. Tudo que lutamos na vida e por sobreviver de uma forma saudável e com alguém ao lado. Mas se chegamos a uma estrada sem saída temos duas opções, ficar ali parados vendo a vida acabar em duras marcas ou dar ré e voltar a estrada principal e recomeçar.

Cada escolha tem suas alegrias e dores, mas chega um dia que precisa ser feita. Uma amiga me disse que não se importava em ser feliz com o amor, mas que aceitava pagar caro pela paz interior.

A paz interior sempre foi cara, mas não precisa ser violentada por nossas amargas lembranças. Que elas sejam apenas o alimento que precisamos para voltar a caminhar. E que as doces lembranças de um amor que durou até o dia do fim seja nosso impulso a deixar o outro seguir seu caminho.

Que a graça de Cristo seja o norte de nossas vidas, mesmo nos momentos em que não a vemos ou não a sentimos....

Até a próxima...


 
Leticia Carrijo
Enviado por Leticia Carrijo em 07/08/2017
Reeditado em 09/08/2017
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