A Tecnologia salvou e arruinou a minha vida
A minha geração foi talvez a primeira a experimentar a adolescência junto com o brutal crescimento tecnológico do mundo. Com 8 anos eu colocava um vinil para ouvir em um rádio 3 em 1, mas com 14 eu já baixava arquivos em uma internet banda larga.
Sou privilegiado em tantos quesitos, e vivo em uma época com tantas opções de tecnologia, que me tornei um imediatista. E quero deixar claro que isso não é uma qualidade.
Assim como eu, milhões, ou talvez bilhões se sintam assim.
Eu quero viver, quero viajar o mundo, aproveitar o fim de semana, comer uma comida nova, conhecer um parque novo, experimentar sensações novas, tudo isso ao mesmo tempo.
Quando percebo que não posso, a realidade bate na porta, e percebo que eu não vivo na vida que penso viver, eu apenas observo todas as pessoas fazendo tudo isso, cada uma em seu tempo, e transformo isso em vontades, mas minha mente parece não saber esperar.
Você já pensou: "Será que estou apenas existindo?".
A tecnologia me aproxima de pessoas que fazem coisas que faço, ou que quero fazer, e isso me colocou mais próximo dos meus sonhos e vontades, mas sabemos que, por exemplo, para saciar a vontade de saltar de para-quedas, é preciso saltar, e não somente ver outras pessoas saltando em vídeos na internet.
Ao mesmo tempo que me sinto mais próximo dos sonhos, por vê-los acontecer com outros protagonistas, me sinto triste por não realizá-los neste exato momento.
Ser imediatista para mim é ruim, me faz ser ansioso.
É uma luta diária em aceitar que é preciso correr atrás de cada uma das coisas na vida.
Eu aceito que meu momento ainda não é esse, eu aceito que devo lutar pelo que quero, mas jamais vou aceitar que não existe momento para mim.
Tudo que eu quero, farei o máximo para realizar, mas ao seu tempo.