Pitangoleiros no Pinguim

Pitangoleiros no Pinguim

Amparado na precisão de seu (en)Rolex - periciado e acertado pelo grande Bueno do Largo de São José - o Sultâo Al-Rachid achou fácil demais ser o primeiro a chegar ao Pinguim da Grão Mogol, para iniciar o rito mensal do conclave itinerante augustino dos Pitangoleiros para siempre...E não foi surpresa para mim encontrá-lo já mergulhado em seu Álcool-rão habitual que tanto anima e rejuvenesce os espíritos.

E, gradualmente, veio se achegando a mu(r)chachada, até passar - e bem - da quota vintenal, sem contudo, chegar à balzaquiana trintena.

Mas bi-balzaquianos somos quase todos nós - tirante, é verdade a nova safra de descendentes que, na trilha dos progenitores, não só promete, como se compromete na aderência e subserviência ao ritual do conjunto malte-lúpulo e fermento. Com algumas insuspeitas intercalações no reino dos destilados nobres...entre os quais, mais à mão está a Cristalina do Picão, que se ombreia galhardamente aos Royal Salutes da vida. Duvida? Bote-se três dedos e se espantam todos os medos...

Uma nomeada da alfa a omega de todos os presentes só me seria possível se tivéssemos mantido um registro no papel - e se esta ressaca já não mais me pesasse tanto. Daí uma citação dos habitués mais assíduos seria naturalmente muito fácil, mas eu falharia na relação dos adventícios e cometeria, a meu ver, uma injutiça - palavra, aliás, banida de nossa situação atual, onde tudo são flores e a vida é, na poesia e na prosa, cor-de-rosa.

Mas seria bom salientar aqui a benvinda introdução do Bibi Camargos, que parece ter gostado de seu batismo de fogo e que só pecou por ter escondido a Lambretta mais que cinquentenária de seu pai, o grande Camargos, que marcou época em Pitangui dos tempos da juventude transviada inspirada em James Dean.

E com as evocações correndo soltas - em parelha com o chop - a sessão nostalgia reenterneceu corações e valeu sentidas gozações. Em alta, esteve a lembrança das musas do carteiro Zé Diniz, ambas devidamente homenageadas por seus ex-admiradores - e nesse contexto, só como ouvinte, sobrou-me consolo de ficar com a memória do Rubens, irmão delas...

Outra memória gloriosa foi a do impagável e mais Albino dos irmãos, o Sô João, cantor de quermesses, técnico de futebol e filão de cigarros. Sem ter ainda adquirido o vício do tabaco, não progredi

nas suas escalações, para além da sub-gerência do banco de reservas. O que não deixou de me honrar, nada obstante. Fui, de sua equipe, o que menos gastou travas de chuteiras.

E num dado momento, ressurgiu vivinha da silva, a grande influência de Júlio do Timóteo na história e na geografia da música pitanguiense. Até hoje ainda não ouvi melhor interpretação de Diana, que o violeiro filho do sapateiro, cantava do alto do pé de manga pequi dum lote vago de meu Beco sem Saída, enquanto pelejávamos com a bola de meia na pelada que ainda tanto enleia.

E correu a boca pequena - logo expandida - a notícia de que brevemente o emérito Professor e Técnico do Galícia regressará a su añorado Paraguay, a serviço da Pátria, da Família e da Cristandade - mas não sem antes lançar sua nova obra que já deve estar no prelo - mesmo sem a chancela dum Pontello.

Com Darcy Júnior inovando na técnica de degustar chop, tomando dois de cada vez, para não deixar a sede à deriva, e o nosso Márcio Nunes exibindo o banner da confraria, e suprindo a turma de viagramendoim de qualidade indubitável, restou o bolo, que carinhosamente nossa Primeira-Dama Vel ofertou aos aniversariantes do mês: troféu levantado pelo grande Chumbrega que comemora seu quarto natalício do ano. Um Beco sempre com saída...

Muito mais ainda havendo a tratar, deixemos para quando setembro vier...

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 04/08/2017
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