Me empreste suas asas quando falharem as minhas

Ela veio novamente sorrindo para mim como quem sorri a um poeta. Ela sabe que amo quando ela me olha assim. Falou que sentiu vontade de dizer que me amava e estava vindo apenas para dizê-lo. Eu retribuí dizendo que era muita sorte tê-la em minha vida. Afinal, não deve ser fácil me amar nos dias que eu insisto em não ser amada… mas engana-se quem pensa que o amor só tem “porquês”, ele é cheio de “apesar de”.

Eu gostava de vê-la de costas para poder tocar nas suas asas, ela dizia que meu toque descansava seus voos para que ela nunca deixasse de voar até mim, e insistia que eu deveria olhar um pouco mais para mim mesma e descobrir o quanto era querubim.

Pensei em contar a ela que os dias estavam um pouco duros no país e como isso me desfalecia por dentro, mas antes mesmo que dissesse palavra ela segurou meu rosto com as duas mãos e sussurrou que sabia o quanto tem sido difícil para os mais humanos. Ela sabe quando vir. E isso me valia.

Pediu que ao invés disso, eu lhe contasse sobre o turbilhão de boas sensações que eu vinha experimentando nos últimos dias e recostou sua cabeça no meu travesseiro como quem não tivesse pressa, esbocei um sorriso e a serenei: sabe aquelas flores azuis da minha alma? Voltei a cultivá-las.

*Textos de Quinta - Para fugir da responsabilidade.

Um a cada quinta. Não é promessa, é desejo =)

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 03/08/2017
Código do texto: T6073056
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