UM MINUTO DE SILÊNCIO
Prof. Antônio de Oliveira
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Silêncio d’alma. Silêncio interlocutor. Língua dos anjos. O silêncio tem vez, voz e asas para quem fala a sua linguagem e, por meio dela, conversa consigo mesmo. O silêncio eleva; enleva o espírito. Desgrudar-se do celular, ouvir o voo silencioso dos pássaros, cultivar a paz de santuário “nas quietudes nirvânicas mais doces”. O livro “A Afinação do Mundo” oferece o capítulo “Silêncio” e lembra que, fora do burburinho das cidades, o campo era acessível com seus serenos sussurros de sons naturais. Os dias eram tranquilos e os dias santos eram chamados dias santos de guarda. Hoje não passam de dias de divertimento, feriados agitados e tumultuados. Rodoviárias cheias desde a véspera, rodovias palco sinistro de lúgubres acidentes...
Jornalista de Melbourne, na Austrália, morto em 1922, Edward George Honey foi a primeira pessoa a sugerir a solene cerimônia do Silêncio. Hoje, em muitos países e regiões se homenageia pessoa recém-falecida com um minuto de silêncio. Inicialmente, a ideia foi homenagear a memória daqueles que haviam sido mortos na guerra.
“Entre oceanos de nada”, a sinfonia do silêncio, do espírito, da vida interior. O homem moderno foge do silêncio. Ele pensa que, evitando o silêncio, isso lhe nutre a fantasia de vida eterna aqui na terra. Talvez porque caminhe a passos largos para o derradeiro silêncio, a morte, o ser humano sofre de claustrofobia. Apraz-lhe, de preferência, produzir sons trepidantes. O silêncio lhe fere os tímpanos e, por vezes, lhe abafa a voz da consciência.
“Le silence éternel de ces espaces infinis m'effraie”, frase famosa do pensador francês Blaise Pascal, transcrita num verso eterno de Carlos Drummond de Andrade, no seu poema “Eterno”: O silêncio eterno desses espaços infinitos me apavora. Concluindo, em vez de Tenho Dito, Não Tenho Dito. Cesse o ruído da mente! Consta que, antes da invenção do ouvido humano, apenas os deuses ouviam sons. E a música era divina...