Descartes

Há muito a descartar, muita obsolescência, inutilidades, passados a serem desconstruídos. O patrimônio perde valor no mercado vencido pelo tempo medido em outroras. Quiçá uma ou outra foto guarde ainda vida, ou sei lá, um objeto que retorne alguém a um ponto de origem que se faça necessário. Mas é percentual pequeno do que se usa, do que se vê, daquilo ao qual o coração se entrega. O nome da retenção é "tralha", apego a uma tropa que a galope ocupa espaço físico, em detrimento da memória que perde importância. Lixo que ocupa a memória temporária obstruindo a permanente. Jogar fora, despir, reciclar, deixar de contar luas, renovar, desmontar tantas guardas, deixar de se arrastar. Nada é melhor do que o presente do dia de hoje, nenhum olhar, nenhum sorriso, nenhum beijo de amor vence o que se vive no hoje. Nenhuma lágrima é mais intensa na dor. Ontem se foi (foice), partiu como assim se fica, como se vai.

Paulo Henrique Frias
Enviado por Paulo Henrique Frias em 01/08/2017
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