"Stand by me..."

A luz se apagou. (E mais adiante explicar-me-ei quanto a isso, sim? Fiquem em paz. Ao menos tentem fazê-lo, sim?)

Eu conversava com minha mãe há poucos instantes. Sobre meus tempos de roqueiro. 1994. Meados desse meado da última década do século XX. (Fin-de-Siècle? Que sabem os Terceiro Mundistas acerca desse conceito? Ainda mais francês, Cara. Se mal sabemos falar nosso idioma – tão maltratado e sem importância lá fora? Vamos e venhamos, né?)

Mil novecentos e noventa e quatro. Pra ficar plus chic: MCMXCIV. Pronto: assim fica mais enigmatemático, não? Er... E dá o que falar!

Mil novecentos e noventa e quatro. Um ano um tanto incômodo a mim. Marcou-me com muitas passagens ruins. Mas não me deterei nesse texto saudosista para falar de nenhuma deles aqui. Seria contraproducente. E deprimente. Ô!

Mil novecentos e... AH, CHEGA, PÔRRA! CHEGA! Não aguento mais falar nisso! Vambora ao que interessa, CACETE! PRONTO! PRONTO! CHEGA!

Bem... Eu pretendia m'estender por umas cinco, dez páginas. Daí essa crônica, mais que normal, seria "canônica", não? Daí que isso não daria certo. Faria mal. Me irritaria um pouco. (Fico imaginando o meu leitor quanto a isso...)

Tudo o que sei dizer é que... Na altura desses meus quarenta anos e meio de idade, tive uma vaga – porém boa, saudosa e memorável impressão – de que amanhã, lá pelas seis da matina, iria à casa do Leonardo para seguirmos juntos até a escola. Ao portão do Rehder, encontraríamos alguns colegas de sala. O Didi seria um deles. E que ano seria esse? Mil novecentos e noventa e três. Isso mesmo: 1993. Oitava série. 8ª Série A. Na sala onde eu cursara a 5ª Série A. Saudades. Eu tinha dezesseis anos. Eu tenho dezesseis anos. E amanhã será 1º de Agosto de 1993. É melhor eu correr para não perder tempo. Leonardo me espera. É ruim chamá-lo e ele não me atender. A gente vai subir a passarela. Conversando: sobre garotas, música, filmes. E ele dando um jeito de rir de minha cara. Hahahah! Rio junto com ele. Fazer o quê, não? Amigos são pra essas coisas, não?

Caríssimo(a) leitor(a),

Esta crônica que tens diante de ti não saiu como eu esperava. Saiu beeem mais enxuta e sem o peso que eu tinha em mente antes de começar a escrevê-la. O mote para ela, além da impressão que eu tive acerca desses vinte e quatro anos voltados no tempo, é uma das cenas finais de "Conta Comigo" (1986)*, um filme que passava na Sessão da Tarde e eu assisti a ele, pela última vez, em janeiro de 2002. Tocava "Stand by me", na versão de John Lennon, se não m'engano. As memórias de um adulto são descritas na tela de um Macintosh e ele se pergunta, segundos antes de o filme acabar, se alguém, além dele, realmente se importa. Se não m'engano. Eu não espero que o(a) atencioso(a) leitor(a) se importe com NADA disso que eu escrevi aqui. Mas caso se importar... Ah! Poste um comentário legal aí. Que a gente vai ter muito, mas muito mesmo o que conversar.

P. S. Nossa! Esqueci-me de dizer por que "a luz se apagou" e eu parei por ali mesmo... Bem, fica para uma próxima crônica, não? Até lá, o que ficar no escuro terá algum tempo para reaparecer... em outro lugar e tempo!

NOTA

O filme (ainda!) pode ser visto aqui: https://www.youtube.com/watch?v=7eNzp66H9xU