Paradoxo do amor

Ele parou o carro do outro lado da rua em frente ao prédio de dela, mandou uma mensagem dizendo que já estava ali. Ela respondeu que estava descendo. Enquanto esperava ficou mexendo no celular e pensando “o que eu estou fazendo?” Ela apareceu, e ele a observou, observou não é a palavra correta, ele a admirou atravessar a rua, com um vestido lilás, e ao passar na frente do carro ela mostrou a língua para ele e deu sorriso, abriu a porta e deu um beijo nele, mas um beijo muito gostoso, muito cheio de amor, paixão, desejo um turbilhão de sentimentos. Ele também a beijou e sentiu esses sentimentos, mas não sabia se o seu beijo transmitia a mesma emoção.

Até então era um encontro apenas para os dois conversarem, porque a menos de dois dias atrás ele havia rompido com ela, alegando estar confuso, que uma pessoa inesperada havia aparecido na vida dele e que por mais que ele goste dessa dela, também gostava de um modo que não queria gostar dessa outra garota.

Parou o carro embaixo de uma árvore, e por dentro sentia uma coisa queimar, sentia um desejo louco de beijar ela e sentir o corpo dela. Ela disse que não conseguia ficar do lado dele sem o beijar, que não conseguiria se conter. Ele sabia que o que estava fazendo era errado, sabia que o certo seria não estar ali, que existe uma dúvida em sua cabeça e que ninguém pode se aproximar de uma pessoa, despertar sentimentos nela se não tiver a intenção de ficar.

Ele era fraco.

Levou ele para sua casa. Mal conseguia abrir a porta de casa, estavam ambos tomados pela vontade de ter um ao outro. Não era só sexo para ele, era algo a mais, paixão talvez. Porém não era o que ele realmente queria sentir, e por alguns segundos ele desejou que fosse a outra garota, a outra que atormenta seus pensamentos. E por mais que tenha sido apenas alguns segundos, não deixa de ser triste, é triste. Depois do sexo, que ambos havia gostado, e ela deitada do seu lado o abraçou e disse que adorava estar com ele. Ele fez carinho nela, disse que também gostava de estar com ela, que sentia saudades dela e do seu cheiro. O cheiro dela era muito gostoso, ele dizia. Não era mentira quando ele dizia essas coisas, de fato ele sentia saudades dela e do cheiro dela, e da boca dela e principalmente de estar com ela… mas era diferente. O que ele sentia por essa outra garota era diferente. Por essa outra garota ele era capaz de escalar o Monte Everest, ou passar uma noite em claro e ir trabalhar no outro dia. Para outra garota ele tinha vontade fazer café da manhã, almoço, jantar, trabalhar 24 horas por dia. Ele odiava sentir isso, se ele pudesse arrancava com uma faca esse sentimento.

Ela vestiu seu vestido. Ele colocou sua roupa. Levou ela embora. Voltou para seu quarto, para sua cama, deitou e dormiu. E no outro dia seu coração parecia mais vazio. A outra garota, a que ele realmente gostava não havia dado sinal de vida, não se interessou em saber como ele estava, o que tinha feito, não mandou um bom dia, nada. Absolutamente nada. E isso o corroía por dentro, o corroía de tal forma.

Ele respirou fundo. Respirou fundo três vezes. E disse para si mesmo: “tenho que aceitar que não é para ser, que as vezes alguém desperta algo em nós que não reciproco, não culpa de ninguém, nem minha por estar completamente louco de amor por ela, nem dela por não sentir o mesmo, nem minha por não sentir isso por quem realmente parece gostar de mim.

Ele vai tentar seguir em frente, mais uma vez. Porque não é a primeira vez que isso acontece com ele. Ele passa a vida inteira buscando sentir o que sente por essa garota, mas toda vez que ele encontra esse sentimento, ele não é correspondido. E toda vez que uma garota sente isso por ele, ele não corresponde. Ele chama isso de paradoxo da vida amorosa sem sentido.

Brenner Vasconcelos Alves
Enviado por Brenner Vasconcelos Alves em 28/07/2017
Reeditado em 28/07/2017
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