"Apenas uma prisão".

Maldito seja o tempo que se escondeu atrás de uma história de amor, maldita seja a história que permitiu o tempo roubar o amor que que um dia existiu, mas que foi plantado, cultivado e regado com as lágrimas amarguradas e sofridas.

Onde está este tempo, maldito em sua essência, frio em seu cume e morto nas encostas que surgiu. Onde está enfim as marcas e estigmas de uma saudade, que corrompida permaneceu até que o carmim fosse vertido de meu espirito, que fez jorrar em minha pele, o medo tenebroso de um acaso, manchando uma história abominada até pelo próprio Hades, que abominou os sonhos de quem desejou sonhar. Contudo admiro aquele que consegue sobreviver e retornar de um sonho jamais vivido.

Malditos sejam os pândegos que disseram que o amor é eterno e que supera tudo. Que soltem os cães, que lamentem os carrascos do tempo, que me fizeram guardar a mortalha desta história. Que anjos e demônios dancem na ilha da morte o sangue daqueles que acreditaram na compaixão de uma verdade mentirosa e de escritos promíscuos.

Hoje decorro do passado e de um lamento cruel que adormeceu esta história, que fez fracassar o anjo portador de uma esperança já velada, que insiste em relatar que um caminho sobrevive entre os jazigos perdidos. Que não podem ser revividos nem encontrados, pois selado foi, pela maldição que assola e denigre aqueles que ainda acreditam em um futuro vindouro que há tempos é guardado e aguardado.

Incerto e medíocre são meus pensamentos, forjados em sonhos e sorrisos por mim nunca vividos, que fazem-me sobreviver, vagando pela dor que insiste em moldar meu viver. Que venha o penhasco que me aguarda, que sucumbam a insignificância de meus provérbios e que a morte acabe com o cadáver que ainda clama por vida.

Cristiano Stankus
Enviado por Cristiano Stankus em 27/07/2017
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