CAMINHAMOS ASSIM

CONTOS CURTOS & INACABADOS

"Faz tempo que para pensar sobre Deus não leio os teólogos, leio os poetas." (Rubem Alves)

=.=.=.=.=.=.=.=.=.=.=.=

CAMINHAMOS ASSIM

Nossa vida é como o céu. Por vezes límpido, azulado, emoldurando o resplandecente sol. Em outros dias já amanhece encoberto por nuvens brancas, a nos revelar imagens fantasiosas ou mesmo escuras, carregadas, ameaçadoras, prenunciando temporais. Mesmo não o vendo, sabemos que o sol continua brilhando, a zelar pela exuberante vida aqui no Planeta Água.

Igual ao dia, nossa vida pode ser ora calorosa e radiante como sol; ora obscurecida como a noite sem luar, onde a névoa invernal procura ocultar a esplendorosa lua e as miríades de brilhantes estrelas, milenarmente orientadoras dos humanos em suas constantes travessias, migrações, em busca da Terra Prometida, do Novo Mundo, seja “por mares nunca dantes navegados” ou caudalosos rios, seja pelos tórridos desertos ou inóspitas savanas.

Nada detém a marcha dos humanos em busca de mais recursos, de poder e glória, a qualquer custo, mesmo massacrando seus semelhantes, dizimando povos indefesos impiedosamente. É a saga da conquista, da acumulação de tesouros.

Da Mãe Natureza temos algo assim, incompreensível ao leigo, ao povo pacato, ordeiro, produtivo. A Natureza provê a todos com o inesgotável e indispensável oxigênio, com as nascentes cristalinas que de córregos preguiçosos se transformam em rios caudalosos e barragens providenciais para a geração de energia, da terra abençoada pelo adubo da diversificada agricultura, dos pastos onde imensos rebanhos se multiplicam e engordam até desaguarem nos lares para saciar a fome e alimentar multidões. Essa mesma Natureza pródiga, dadivosa, pode desencadear tragédias devastadoras, com terremotos, furações, erupções vulcânicas, tempestades e inundações, pragas e doenças epidêmicas, assolando qualquer continente, sem prévio aviso. Cidades destruídas, populações lançadas intempestivamente ao relento. E breve o sol volta a brilhar, os humanos renovam esperanças, sepultam seus mortos e reconstroem casas, hospitais, fábricas, lavouras, estradas...

(*) Juares de Marcos Jardim - Santo André - São Paulo.

(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)

=.=.=.=.=.=.=.=.=.

"A noite, para lá da minha janela, tinha hasteado estrelas."

(Guimarães Rosa - Estas estórias)

=.=.=.=.=.=.=.=.=.=

Juares de Marcos Jardim
Enviado por Juares de Marcos Jardim em 26/07/2017
Código do texto: T6065813
Classificação de conteúdo: seguro