Tribunais faz de conta

Discute-se tudo, mas há problemas que ninguém discute. São aqueles que passam desapercebidos e, no entanto, são um absurdo e um atentado ao bom senso, à ética e à cidadania.

Um deles são os cargos de conselheiros dos tribunais de contas dos estados. Não, não se discute - e poderia se discutir - a necessidade deles, mas a maneira como se escolhe os conselheiros: por indicação dos governadores. Ora, como é que alguém que é indicado para um cargo vitalício, com um salário de marajá, todas as vantagens e mordomias, pode ter isenção e independência para julgar as contas de quem o indicou? Fica devendo eternamente esse favor,dificilmente deixará de pagar esse favor, é refém desse favor. Vejam que do Oiapoque ao Chuí os tribunais de contassão uma espécie de tribunal faz de conta, não raro se indica até políticos em fim de carreira e sem competência para o cargo.

Sem nenhuma dúvida esses cargos deveriam ser preenchidos pelo mérito da competência, ou seja, por concurso público. Assim, quem fosse aprovado não ficaria devendo favor a político nenhum, teria, portanto, independência e isenção.

De vez em quando pipoca na imprensa denúncias sobre os tribunais de conta. No Rio de Janeiro houve um momento que oTCR chegou até a parar de funcionar devido a denúncias e prevaricação de alguns conselheiros. Mais: em todo o´país os tribunais estão repletos de conselheiros incompetentes e com o rabo preso a políticos.

Entristece, constrange e revolta não se constatar nenhuma iniciaivas para acabar com a indicação dos conselheiros dos tribunais de contas pelos governadores. É algo indecoroso. Não é um trinuna de verdade ,mas um tribunal faz de conta. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 24/07/2017
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