Páginas em branco
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Allez, venez, Milord!
Vous asseoir à ma table;
Il fait si froid, dehors,
Ici c'est confortable.*
[...]
Edith Piaf, Milord
Acordou-se. Manhã de sol. Manhã de tudo. De tudo, nada. De nada. (Obrigado – e não volte mais. Estou infestado de um tom lispectoriano – MEA CULPA, MEEEA CUUULPA!!! – e isso, com certeza, poderá foder minha escrita, meu estilo, as leituras que uma meia dúzia de dois – ou menos ainda! – fazem desse monte de absurdos que eu resolvo, sabe-se lá por que, publicar; ah, mas que se dane! Padluke! PAAADLUKE, Mefistófolis!)
Vade retro, Mundoente Cheio de Nada e Vazio de Gente! VADE RETRO!
Que agora eu (me) volto ao que escrevia! DIABOS!
Ai de mim! Ai de mim! AI DE MIM!
Acordou-se numa manhã de sol. Altura do 22º Andar. Apartamento numa famosíssima avenida (que o leitor, dado o seu background, decida se 5th. Avenue, in New York, Av. Paulista ou que diabos de lugar possa ser). Ligou seu Stereo bem alto. Tocava Edith Piaf. Então teve de decidir, ante a janela aberta, raios de sol a iluminar seu rosto (clichê nojento esse!), seu (des)caminho (ora, ora: precipitar-se no ar ou esperar mais um pouco? Mas diabos: esperar o quê, pôrra?)
A mesma coisa faço eu nessa crônica. Tenho que decidir entre o peso de uma construção poética e a carga enigmática de sua narratividade ou deixo claro ao leitor o que acontecia e o que estava por acontecer. Se eu optar pela primeira, continuo com aquela minha escrita dita difícil, complexa, vedada ao imediato entendimento. Caso eu escolha a segunda, abro mão de meu estilo um tanto misterioso. Mas há um terceiro caminho – como pregava Derrida. Cabe ao leitor decidí-lo. Ela tomou uma atitude, sim. O som continuou tocando. Detalhe: o som continua tocando. Piaf. Bravo pour le Clown, Milord! Je ne regret de rien!
Vejo pombos sobrevoando o apartamento. A França deve continuar linda. Paris tem seus dias de glória. Mas que diabos: que esse finalzinho tem a ver com o restante da crônica?
NOTA
* Venha, meu Senhor!
Sente-se à minha mesa;
Aí fora é tão frio,
Aqui é aconchegante.
Tradução disponível em: <https://www.letras.mus.br/edith-piaf/30688/traducao.html>. Acesso em: 23 jul. 2017.