Divagando
DIVAGANDO
Sonhei que o Brasil era um País em que todos tinham as mesmas oportunidades.
O direito à educação, garantido pela Carta Magna, era de fato exercido. Isso porque a Administração Pública, ciente de seu dever de servir aos cidadãos, de quem sai os seus salários, oferecia, gratuitamente, desde o Ensino Fundamental até o Ensino Superior. E durante o Ensino Médio, o estudante era encaminhado, através de um teste psicotécnico, para um curso profissional paralelo, que servia de base para o Curso Universitário. Havia uma aliança perfeita entre a Educação convencional e Profissional.
Mas não era só isso. As Escolas possuíam, em horários diurnos e noturnos, Cursos Profissionalizantes, para jovens e adultos, que não tiveram oportunidade de estudar, em áreas como carpintaria, eletricidade, informática e muitos outros.
O Brasil se transformara em um País em que a mão de obra era super especializada, e já era exportada para os Países vizinhos que não tinham o mesmo sistema educacional.
E no meu sonho, lembrava dos tempos em que nossa mão de obra era barata, por ser despreparada; em que o desemprego atingia patamares assustadores deixando cerca de quarenta milhões de brasileiros em estado de miséria; em que a maior parte de nossos jovens mal terminava o ensino fundamental e por não possuir meios de arcar com cursos profissionais, entravam no mercado informal, como camelôs, flanelinhas, quando não eram absorvidos pela contravenção e tráfico. Lembrava, ainda, da época em que, por falta de educação e instrução, nosso povo vendia e trocava seu voto, sua única riqueza, para enfrentar uma necessidade imediata, e elegia políticos inescrupulosos, que nos quatro anos seguintes iriam dilapidar o patrimônio público e aumentar a própria fortuna.
E me entristecia, só em pensar que muitos Países vizinhos estavam vivendo esses problemas, que para nós eram apenas uma triste lembrança de um passado distante.
E em meu sonho eu agradecia a Deus por não termos mais políticos escondendo dinheiro nas cuecas, nas meias, nas bolsas e malas; por não haver mais tráfico de influências, nem vendas de secretarias e ministérios; por não haver mais licitações ilícitas e comissões sobre as obras públicas; por não haver mais sentenças políticas, mas apenas jurídicas; por não haver mais parlamentares omissos e desonestos, mas somente atuantes e probos.
O nosso País era, verdadeiramente, a Terra da Vera Cruz; a Terra da Santa Cruz, a Nação que tinha Deus por Senhor, o Brasil.
Subitamente acordei! E vi que tudo tinha sido apenas um sonho.
Mas quem sabe, com fé e coragem, que não faltam a nosso povo sofrido, ainda chegaremos lá?
Afinal de contas, verdadeiramente Deus é brasileiro, e com certeza nos ajudará a expurgar a Nação de todos aqueles que se vestem de ovelhas, mas são lobos.