Crônica da existência
Nossa existência nesse lindo Mundo de infinitas possibilidades é uma afronta a nobreza do Universo.
É por isso que devemos ser gratos. E nos colocarmos a serviço do Mundo.
Sejamos realistas.
Somos insuportáveis.
E ainda assim o Mundo resiste, firme e bravamente a nossa incapacidade de coerência, humanidade, respeito e empatia. Resiste a nossa hipocrisia diária e arrogância contínua em crer que somos importantes e grandiosos, ignorando assim a imensidão profunda e infinita que compõe o Universo.
Imensidão capaz de nos engolir. Imensidão extensa talvez comparável somente ao nosso Ego. Irremediável Ego.
Ego, este infortúnio primitivo. Capaz das maravilhosas ações que nos protege, instinto de preservação atuante, e igualmente purulento, que nos torna indignos de todas as condições possíveis que o Mundo nos oferece para viver essa passagem evolutiva a qual nos colocamos por escolha e assim chamamos de vida.
Agradecer a energia resistente do Universo, em nos suportar. Em aguentar a carga tóxica que somos nós. Homo sapiens " insapientes ".
Espécie reduzida a polegares opositores, e algumas centenas de conexões a mais dentro do crânio, seres humanos, incapazes de exercitar humanidade.
Que a terra devore nossos órgãos e ossos, e faça de nós algo melhor, que possamos ao menos em morte, ter a dignidade de ser útil ao ao Universo, matéria orgânica cuja opção é : Se não ajudar. Também não atrapalha. Sendo assim, infinitamente mais nobre, que a nossa existência fútil.
Num mundo que nos oferece amor, e não somos capazes de retribuir com um gesto simples : Ama-lo de volta.