O cobertor molhado
Flagro um corpo corcundo coberto por um cobertor listrado. Um homem, dono deste corpo, caminha lentamente em direção à janela dos motoristas que estão no sentido contrário ao meu. Vejo apenas seu braço direito estendido, com a mão aberta, pronto para pegar algo. – Moedas? Um trocado?
Chove fraco. É possível notar o peso do cobertor em suas costas, que pendia para baixo.
– Sim, ele está pedindo “algo”! Ele precisa de alguma coisa, algo que lhe aqueça, que possa trazer proteção ao seu corpo.
– Seus passos lentos são reflexos de seus pés congelados? Podem estar dormentes! O braço estendido significa mais do que pedir trocados. É também um pedido de ajuda.
Uma buzina dispara. O barulho constante me assusta. A luz que era vermelha está verde. Preciso avançar. Engato a primeira e sigo.
A cena segue comigo. O homem corcunda permanece lá.
– Quanta esperança ele tem? Será a vontade de manter-se vivo, que o mantém no mesmo lugar? O que pensa ele enquanto aguarda alguns minutos até que o farol fique vermelho mais uma vez?
– Há quanto tempo ele está lá? Por quanto tempo resistirá? Quem é aquele homem? O homem da madrugada fria e chuvosa? Que fim terá esta noite para ele? E que ele está pensando? O que sente, além do frio? Qual a sua esperança diante de cada janela em que ele parava? Viu-se em alguma delas?
– Pela manhã, ele poderá esquentar seu corpo com um copo de café com leite? Será que alguém lhe dará um pão com manteiga? Ele terá um cobertor seco para a próxima madrugada?
Nunca terei as respostas. É inútil perguntar! Mas a cena dói e exige uma força emocional brutal de mim. Segui meu caminho para casa. Ele não.
Flagro um corpo corcundo coberto por um cobertor listrado. Um homem, dono deste corpo, caminha lentamente em direção à janela dos motoristas que estão no sentido contrário ao meu. Vejo apenas seu braço direito estendido, com a mão aberta, pronto para pegar algo. – Moedas? Um trocado?
Chove fraco. É possível notar o peso do cobertor em suas costas, que pendia para baixo.
– Sim, ele está pedindo “algo”! Ele precisa de alguma coisa, algo que lhe aqueça, que possa trazer proteção ao seu corpo.
– Seus passos lentos são reflexos de seus pés congelados? Podem estar dormentes! O braço estendido significa mais do que pedir trocados. É também um pedido de ajuda.
Uma buzina dispara. O barulho constante me assusta. A luz que era vermelha está verde. Preciso avançar. Engato a primeira e sigo.
A cena segue comigo. O homem corcunda permanece lá.
– Quanta esperança ele tem? Será a vontade de manter-se vivo, que o mantém no mesmo lugar? O que pensa ele enquanto aguarda alguns minutos até que o farol fique vermelho mais uma vez?
– Há quanto tempo ele está lá? Por quanto tempo resistirá? Quem é aquele homem? O homem da madrugada fria e chuvosa? Que fim terá esta noite para ele? E que ele está pensando? O que sente, além do frio? Qual a sua esperança diante de cada janela em que ele parava? Viu-se em alguma delas?
– Pela manhã, ele poderá esquentar seu corpo com um copo de café com leite? Será que alguém lhe dará um pão com manteiga? Ele terá um cobertor seco para a próxima madrugada?
Nunca terei as respostas. É inútil perguntar! Mas a cena dói e exige uma força emocional brutal de mim. Segui meu caminho para casa. Ele não.