Autopsicografia
Aproveito o 8 de março para fazer um desabafo: Estou cansada de ter esperanças e esperar que a " coisa " melhore. Aparentemente as "coisas" só melhoram para os que não vêem, não ouvem, não assistem e fingem se importar com os menos privilegiados. Somos todos propensos a honestidade relativa. Os prazos prescricionais do bem e do mal se encontram no legitimo exercício da dita consciência decadente e interesseira.
Estou enfastiada da propina do dia a dia, do cala a boca que o bicho é bravo, do uivar dos monstros de sorrisos largos, dos santinhos do pau oco. Estou farta do cinismo e da falsa ingenuidade que transforma pouco a pouco a ignorância em inércia. Não quero mais tomar conhecimento dos inverossímeis argumentos que tentam provar inocências que nos colocam em perigo dentro de parâmetros morais maquiavélicos.
Somos todos insensatos, alienados em raízes culturais que já forram expostas ao ridículo da passividade. Somos tolerantes demais e referenciamos os que toleram tudo por beneficies. Cansei do deixa pra lá, do não vale a pena, do não é problema seu... Cansei!!! Vou quebrar todos os espelhos, e que venham 500 anos de azar e punibilidade. Todos meus pecados passado rezam pela crucificação de suas onipotências. Aproveito para antecipar o desprezo por futuras culpas. Minha culpa, minha máxima culpa professa a humanidade do erro.
De antemão faço a autopsicografia do cansaço - Cansei! Cansei de desfigurar palavras para não ofender amarguras. Que de hoje em diante tudo seja em legitima defesa das metáforas que me identificam em herméticas poesias. Que Deus e o diabo me perdoem, mas o que quero é guerrear todas as guerras e como Florbela, quero encontrar o verso puro, o verso altivo e forte , estranho e duro , que dissesse a chorar isto que sinto!
Obs.: este texto tem a desconfiguração da autora
Denise Reis