"O amor"
Tirei um pequeno intervalo na minha rotina de sábado de manhã, para escrever sobre isso que tanto teima em martelar em minha mente... o amor! A definição deste é bíblica, esta escrita pelo Apostolo Paulo, no Evangelho I Coríntios 13, a definição mais bela, profunda, verdadeira e fraternal, desde sentimento que considero o mais completo que alguém pode sentir. Há também uma emocionante colocação feita pelo maravilhoso poeta Vinicius de Morais, em seu “Soneto de fidelidade” que fala do amor apaixonante entre um homem e uma mulher:
“Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.”
O amor transforma tudo e todos! Quando se coloca amor em nossas vidas, em nossos corações, tudo se torna fácil, sublime e sincero... O amor é algo verdadeiro, profundo, completo... a frase “eu te amo” não é qualquer frase. Não é do tipo de frase que você fala pra pessoa que esta, ocasionalmente, na sua frente na fila do supermercado, automaticamente, como um simples “bom dia”. Esta frase vem lá de dentro... do fundo da alma, às vezes, rasgando o peito, às vezes, aliviando – o...
O que tem me intrigado, no entanto, é perceber que a maioria das pessoas de hoje não sabem o que realmente é o amor. Muitas o falam como um grande monstro que destrói a vida, pelas suas experiências mal sucedidas, outros falam como se fosse um canguru que pula aqui e ali ou como se ele fosse levado pelo vento... outros, para a minha profunda tristeza, parecem simplesmente não o conhecer.
Como esta descrito na Sagrada Escritura, “O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” No dia a dia é fácil pronunciar tais palavras.
Mas sentir o real amor, não é pra qualquer um.
No amor tudo cabe, tudo fica bonito, encantado, apaixonante, sedutor... O amor traz leveza, traz tranquilidade... amar é tão bom, que ele por si só, basta. Através do amor tudo se encaixa, se ajeita. Porque ele é o princípio de tudo, nele os outros sentimentos bons surgem como um brinde... andam todos juntinhos. Eu costumava pronunciar esta frase pra tudo o que via, pra flores dos jardins, paras minhas bonecas, meus gatos vestidos de bebês... para as pessoas importantes pra mim.
Mas aí é que vem a indagação dilacerante... tanto recitada em meus lábios, que esta frase foi sucumbida dentro de mim, presa, amarrada, trancada a sete chaves...
Sem poder pronunciar, porque se tornara sufocante pra quem estava ouvindo, ela simplesmente ficou presa lá dentro.
Agora, pelo acaso da vida, ressurge em meio ao desespero, a necessidade de me ouvir declamando poeticamente, essa frase que muito me feriu enquanto esteve guardada. Deve ser difícil pra uma pessoa, próxima da meia idade, não saber identificar o amor. Falar de amor mecanicamente.
Chego a conclusão que muitas pessoas passam por isso.
Muitas pessoas não encontraram o seu verdadeiro amor.
Muitas pessoas, ouviram esta frase, dita com todo sentimento, com todo o fervor, com toda a paixão... porém estavam prisioneiras do seu próprio orgulho e não souberam acoplar dentro de seu peito e encaixar as peças pra completar o seu próprio quebra cabeças.
Me é extremamente lamentável enxergar isso, visto que meu eu é todo feito de amor. Talvez pela inocência infantil que insiste em me acompanhar, talvez pela sucumbência desta frase em meu peito...
Instintivamente, ao se ouvir "eu te amo" sai um "eu também"... Não se diz eu também à pessoa que ousou declarar-se! Ela espera que seja recíproco. Espera " eu te amo também!"... isso não custa, não dói. Desde que não seja da boca pra fora, porque quem ama de verdade, vai saber no exato instante, se isto acontecer...mas uma coisa é certa... Por mais doloroso que possa parecer aos olhos de muitos, quero sempre, incessantemente, proclamar aos ventos dos quatro cantos do mundo, cada dia mais alto: “eu te amo, do fundo da minha alma”!