MANHÃ DE DOMINGO
MANHÃ DE DOMINGO
Manhã de domingo, ruas vazias, quase sem vida, salvam-se árvores e pássaros, e quem sabe atrás dos muros, ressurreição em despertares preguiçosos. A caminho do mercado, ipês floridos, um morador de rua abandonado, seus cães vadios e amigos, farejando lixeiras, vez por outra um carro, velocidade reduzida, no céu um azul azul, no ar um seco frescor. No mercado, enfim vida, o habitual burburinho, as conversas sem compromisso, as frutas e verduras fresquinhas, a reclamação dos preços e do governo, o pastel inigualável com um café não tão inigualável, o pedinte pedindo ajuda, a cigana oferecendo leitura de mãos, o vereador vendendo promessas, a sacola pra semana e a volta ao vazio do caminho. Um cumprimento sem volta, de viva alma entretida no celular, uma velhinha na parada de ônibus a cumprimentar, não tem celular, mas tem educação. Agora é chegar, preparar o almoço e hibernar, até segunda.