MUSEU DA IMIGRAÇÃO DO ESTADO DE S. PAULO

O Museu da Imigração do Estado de São Paulo está instalado no prédio datado de 1886 que foi construído pelo Visconde de Parnaíba, com o objetivo de abrigar os estrangeiros que fugindo da fome, da miséria financeira e das péssimas condições de vida no resto do mundo, buscaram no Brasil Paraíso a realização dos sonhos de uma vida digna.

A Hospedaria de Imigrantes do Brás foi, até o ano de 1978, o local de espera a partir do qual esses imigrantes, depois de examinados e com a documentação regularizada, eram encaminhados para seus locais de trabalho. A maioria para agricultura, pois o real motivo para abrirem-se as portas do Brasil foi para a substituição da mão de obra escrava.

O preconceito arraigado na população de que os negros e seus descendentes eram inferiores aos brancos não permitiu que, com a abolição da escravatura fossem estabelecidas normas e diretrizes para que, em condições de igualdade, o ex-escravo tivesse os mesmos bens que seus antigos donos.

Até então era sabido que negro era um semovente que nem sequer possuía alma.

E, por pensarem assim os governantes e os donos do poder condenaram os ex-escravos a viverem nas periferias das cidades, executando os serviços que sempre fizeram, ou diretamente para seu dono ou como “escravo de ganho” quando alguém que não possuía escravo alugava um ou mais para execução dos serviços que estivesse necessitando.

Assim, sem escolaridade (porque negro não podia saber ler nem escrever para não forjar cartas de alforria), posses e nem condições de juntar dinheiro para comprar propriedades ou pagar a passagem de volta para a mãe África de seus ancestrais, os ex-escravos permaneceram à margem da sociedade - “livre do açoite da senzala, preso na miséria da favela*”- como destacou o samba enredo da Escola de Samba Mangueira em 1988.

O museu foi montado de forma didática a fim de que o visitante tenha noção do tema com a exibição de filme que faz uma breve explanação desde dois milhões de anos antes do presente, destacando as migrações dos indivíduos do Gênero Homo até a última glaciação que aconteceu mais ou menos dez mil anos atrás.

Há destaque para as grandes navegações e para os motivos e consequências da ocupação do Novo Mundo pelos europeus.

Estão à disposição do visitante, equipamentos, livros de registro de pessoas e de receitas da culinária, cartas, moveis, máquinas e utensílios, fotografias antigas e modernas, depoimentos gravados em vídeo, painel de madeira contendo os sobrenomes das famílias dos imigrantes que foram incorporadas às dos brasileiros para formação da nossa etnia que ainda está muito longe da sua definição.

De alguma forma em algum momento de nossas vidas todos nós somos migrantes.

* samba enredo de 1988 da Mangueira, escrito por Hélio Turco, Jurandir e Alvinho, “comemorava” os 100 anos da assinatura da Lei Áurea.