O Dinheiro na Minha Vida
O DINHEIRO NA MINHA VIDA
Por Luiz A G Rodas
Meu relacionamento com o dinheiro nunca foi dos mais amigáveis. Quando criança, somente lembrava dele na hora de comprar aquele lanchinho. Geralmente fora de hora, como dizia minha mãe.
Ainda não estava em moda a educação financeira. Reconheço que não seria justo com os meus queridos pais, afirmar que fui criado "sem eira nem beira". Eu nunca soube o que era "mesada" mas asseguro que jamais me faltou o básico, o necessário.
Recordo, com uma certa dose nostálgica, daquela rotina. Entre uma e outra brincadeira, lá estava eu a aperrear minha mãe, em busca de "um dinheiro".
Aquelas bondosas mãos maternas, manuseando seus trocados, suas economias, visando atender às necessidades momentâneas do seu rebento, não me davam a noção de um possível sacrifício. Quanto esforço, quanta renúncia de consumo para, com habilidade, juntar aquele "rico dinheirinho"!
E o não, algumas vezes, infelizmente ouvido, me desapontava mas era aceito sem maiores protestos, sob à pena de ter a derme aquecida.
Após esta longa retrospectiva, é inevitável a comparação com o comportamento financeiro dos filhos da era digital. Assumo, sou réu confesso. Nós, ditos experientes, abrimos a chaga psicológica de remunerar nossos filhos por quaisquer vitórias. Beneficiamos os sortudos com mimos monetários por terem obtido êxito em aprovações escolares, por mudarem o comportamento, dentre várias outras atitudes que deveriam ser ações básicas para formação digna de um cidadão. Independentemente do poder aquisitivo dos pais.
O redirecionamento, se faz necessário à boa convivência entre as partes consumidoras e provedoras. É minha a iniciativa. Tenho uma extrema dificuldade de encontrar o ponto de equilíbrio entre a avareza e a "mão aberta".
Na minha formação acadêmica, aprendi que o dinheiro é um instrumento intermediário de trocas de bens e serviços mas também é algo, reconhecidamente, escasso, daí seu valor.
Contata-se, pelo seu uso implícito ou não, que esse símbolo abstrato realiza sonhos e, paradoxalmente, promove pesadelos.
Permito-me parafrasear a linda Pecado Capital do Paulinho da Viola: "...dinheiro na mão é vendaval, vendaval. Na vida de um sonhador, sonhador..."