Drummond atualíssimo

Acho, não tenho certeza de mais nada, que foi Ezra Pound quem disse que os poetas eram as antenas da raça. Acho uma verdade abissal, só eles conseguem transmitir com perfeição o sentimento da alma humana, tanto os bons quanto os maus momentos, tanto os instantes de glória como a escalada de injustiças, tanto a coragem como a covardia cívica.

Estamos atravessando ummomento muito dfícil, caótico, devido, principalmenteao descrédito dos podres poderes, agravado, sejaos francos, pela alienação do povo, principalmentedas pessoas com mais informação e cultura. Respeito, mas fico triste com aqueles que cansaram, se acomodaram, resolveram entregar os pontos e deixr pra lá o país sangrando,os mais pobres cada vez mais espoliados. Repito, respeito quem cansou e resolveu tocar a vida sem tentar dar uma mãozinhana luta contra os que estão prejudicando o povo e envergonhando país. É uma questão de consciência e não sou censor de ninguém. Cada cabeça é um mundo. E priu.

Mas, apesar de respeitar, gostaria que essas pessoas, aquelas de mais informaçao e cultura, as que conseguem influir junto ao povo, que relessem, se possível em voz alta, o magnífico poema "José" de Carlos rumond de Andrade. Nunca esse poema foi tao atual. Vou transcrevê-lo, e um dos rros poemas que decorei, mas assim mesmo peço deesculpas se cometer algum lapso:

"E agora, José?/ A festa acabou, a luz apagou,/ o povo sumiu,/ a noite esfriou, e afora, José?/ E agora, Você?/Você que é sem nome,/ que zomba dos outros,/ Você que faz versos,/ que ama, protesta? / e agora, José? // Está sem mulher,/ está dem discurso,/ está sem carinho,/ já não pode beber,/ já não pode fumar,/ cuspir já não pode,/a noite esfriou,/ o bnde nao veio,/ oriso nao veio,/ não veio a utopia/ e tudo acabou/ e tudo fugiu/ e tudo mofou,/ e agora, José? // E agora, José?/ sua doce palavra,/ seu instante de febre,/ sua gula e jejum,/ sua biblioteca,/ sua lavra de ouro,/ seu terno de vidro,/ sua incoerência,/ seu ódio, - e agora?// Com a chave na mão/ quer abrir a porta,/ não existe a porta; / quer morrer no mar,/ mas o mar secou;/quer ir para Minas,/ Minas não ha mais./ José, e agora?// Se você gritasse,/ se você gemesse,/ se você tocasse/ a valsa vienense,/ se você dormisse,/ se você cansasse,/ se você morresse.../ Mas você não morre,/ você é duro, José!// Sozinho no escuro/ qual bicho-do-mato,/ sem teogonia,/ sem parede nua/ para se encostar,/ sem cavalo preto/ que fuja a galope,/ você marcha, José!".

Acho lindo, oportuno, verdadeiro. Apenas trocaria o José por Mané, ficaria ainda mais perfeito. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 14/07/2017
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