A obsolescência planejada das nossas relações

“E não vos conformeis com este século, mas transformai-o Pelo renovação do vosso entendimento (...)”

A obsolescência planejada é o combustível não sustentável da sociedade

moderna. Esse problema tem sido a tônica dos nossos dias.

As mudanças no campo material tem provocado mudanças em nossa subjetividade, levando-nos a agir como se o consumismo fosse o objetivo último do ser humano. Dessa forma, além dos problemas ambientais que o hedonismo atual provoca, enfrentamos problemas até mesmo no ambiente mais íntimo da nossa vivência.

Para garantir a sobrevivência e o lucro das empresas, os produtos possuem um tempo de vida útil determinado, tendo como com objetivo alimentar a roda viva do consumo ; uma engenharia sócio econômica necessária para sobrevivência do sistema, mas que tem consequências deletérias quando reproduzido nas relações sociais.

Temos presenciado tal fato nas relações da sociedade pós moderna. Por que o divórcio tem aumentado assustadoramente? É claro que existem outros fatores que interagem, mas a tônica desse modo de ser encontra seu apoio no espírito do nosso tempo que clama por trocas o tempo todo. Mudar e ter acesso a algo novo virou sinônimo de felicidade.

Já era! Não tem mais volta! Se agirmos como autômatos, comportando-nos como uma variável dependente do meio, não há esperança.

O desprezo ao velho no contexto econômico tem se reproduzido no desprezo ao idoso nas relações sociais; a busca desenfreada pela qualidade total e eficiência produtiva parece que alcançou, até mesmo, a cama ameaçando relações conjugais. Esse caso é mais nefasto, pois os parâmetros para comparação são fantasiosos, seja através de conversas estereotipadas de amigos e amigas, seja por filmes pornográficos ou por intermédio de textos, cuidadosamente maquiados, de revistas de gênero.

A indústria do sexo cresce geometricamente pois tem oferecido insumos para permitir aos amantes chegarem ao ápice do prazer. Essa carência de descarregar tensão é preenchida com as ferramentas da indústria dos sentidos. É a sociedade hiper gozante e excitada que faz da busca pelo prazer a sua bandeira, levando-nos a uma vida miserável e frustrante.

O texto “não vos conformei com este século, mas transformai-vos Pela renovação do vosso entendimento”, na verdade quer nos dizer que a verdadeira renovação é não se deixar moldar pelo rolo compressor do senhorio da natureza humana, que apresenta um caminho para a evolução, mas esconde em si, a sua própria destruição.

As nossas relações humanas não podem fazer parte de uma obsolescência planejada. Precisamos lutar com unhas e dentes contra isso, pois a nossa sobrevivência como verdadeiros seres humanos sensíveis e pensantes está ameaçada.

Albertino Ribeiro
Enviado por Albertino Ribeiro em 12/07/2017
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